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Terapia

José Claudio Belfort

Terapia é uma função de luz e graça
É um ato de amor, doação farta
É esperar o germe crescer.

Ser terapeuta é ser uma luz sem ofuscar
O brilho de luz do paciente que ele espera encontrar.
É resgatar a integridade, com ternura e humildade
É desnudar a invalidade das defesas da ação.

Ser terapeuta é entender-se bem profundo
É aceitar-se total no mundo, é estar inteiro para servir.
Servir é parte constitucional da existência
Servir é a lei da transcendência, é estar aberto para evoluir.

Ser, Vir, Vir a ser, ser vivo, viver e ser
Ser vêr, vêr e ser, Ser-vir, Ou vir o Ser

Ouvir o Ser, esta essência tão preciosa.
Esta fonte luminosa, esta vontade de Vir a Ser.
Enquanto serve em seu caminho discreto e simples
Despontando horizontes, indo além do seu perdão (de sua doação)

Ser terapeuta é ser livre e ser contente, é buscar ser pertinente
em sua viagem e em sua oração.

Ser terapeuta é servir com envolvimento.
Estar presente estar atento, aberto a reflexão.
Ser mais que tudo a verdadeira natureza,
transformando-se em espelho de beleza de outros seres em evolução.
é vir a ser um pedacinho do ser que ainda há de ver em seu Ser.
É vislumbrar com encanto o pranto e a dimensionar e ouvir o canto.
Ecoando em seu coração.
Ser terapeuta é estar atento ao momento,
Viver e servir com sentimento
E encontrar em si o amor.
Estar presente e desembrulhando esse presente
Estar com a luz ser consciente do ser e estar de cada um
Ser terapeuta é conhecer os seus limites e aceitar esse convite que a vida faz de ser Vidão.
É conhecer seus próprios passos e sentir os pés e a terra embaixo, conectar-se enfim com o chão.
É estar vivo, estar presente, estar movido de energia consciente, estar inteiro na emoção.

Ser terapeuta é descobrir a liberdade
Além da forma, nome e idade
É mergulhar em sua coragem
Sua força orgânica, fé selvagem
fonte de toda mutação.

É estar voltado para dentro e para fora
estar atento aqui e agora,
ser esta a sua profissão
É ser paciente, é ser amigo estar contente
e ser feliz e ser autêntico em gestos, fala transparente suas mãos contato que esquente, aumente e aqueça enaltecendo o coração.

Ser terapeuta é estar solto,
é diferenciar o vivo do morto
É fazer da vida um grande horto
ser jardineiro do Amor
é estar envolvido, entrar no jogo
pelo pedido, pelo amigo
Mostrar que o jogo, não substitua a vida.
É revelar, é tirar as máscaras, é se mostrar.
Com humanidade é resgatar.
É ajudar a tirar as máscaras devagarzinho, é se desnudar.

Ser terapeuta é fazer contato
é aprender viver com tato, com a pele órgão do coração.
É saber gerar o embrião da esperança e se soltar, é ser criança sair atrás de libertação.

Ser terapeuta é enfrentar o desafio de ser total, no calor e frio de ir para dentro, de ir para fora viver o amor, a dor e o medo o intenso medo de ser feliz.

Ser terapeuta é ser capaz de ser corajoso
compartilhando ato milagroso
Da semente em transformação.
Ser mente e corpo ser corpo e mente
Ser sua semente, sua mente raízes que alimente o corpo alma da expressão. Ser mente sana ser insana de santidade ser ativo ter a liberdade de ser e estar em união.
Ser o corpo solto em seu espaço, e ser maroto e ser ato livre é o teatro do corpo e mente em transformação.

E se aceitar todo seu ser, todo momento
Seu corpo mente movimento um manifesto uma oração.
É ensinar que a vida não corre perigo, que já é hora de se desmanchar essas couraças, que inibem o corpo, que limitam a mente e a impedem de penetrar na existência, ir além das aparências exercer a influência para um novo homem despertar.

Ser terapeuta e guardar a luz
Trazer a chama que nos chama
Que chama e que conduz
É estar de braços abertos
Estendendo o coração
É ser ato descoberto
De amor e dedicação.

Ser terapeuta é estar desguarnecido
Ser livre e estar oferecido
No serviço do amor.
Ser terapeuta é ficar embevecido
É prestar atenção, abrir o ouvido
É manter-se em comunhão.

Ser terapeuta e ser zeloso e cuidadoso
mantendo sempre o templo limpo
Sendo um eterno guardião
da luz que brilha no caminho dessa vida
da obra e graça aqui vivida, da benção em nosso coração.

Certar coisas não se fala com palavras.
Outras tantas não se fala só se sente.
Essa vida é coroada de mistérios.
Para mim ela tem sido um presente.

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Respiração e Padrões Primários

Michael Sky

“Para o bebê (o modo como nasceu) faz uma grande diferença.
Se cortarmos o cordão umbilical imediatamente ou não fará uma grande diferença no modo como a respiração chegará até ele, tanto quanto as circunstâncias do seu gosto pela vida.

Se o cordão é cortado imediatamente após o seu nascimento, essa violência privará o seu cérebro de oxigênio. Assim o sistema de alarme é acionado e todo o organismo do bebê reage. A respiração é impulsionada para dentro do pulmão, como uma e resposta à agressão.

Entrando na vida, o que o bebê encontrará é a morte, e para fugir dela ele respira rapidamente. Para um bebê recém-nascido, o ato de respirar é um último recurso desesperado. O primeiro reflexo condicionado já foi implantado, um reflexo no qual respiração e angústia estarão sempre associados. Que feliz chegada a esse mundo!”

Dr Frederick Leboyer

Nós aprendemos a respirar na hora do nascimento. Aqueles que estão presentes – médicos, enfermeiras, pais e amigos – nos ensinam a respirar, embora raramente eles saibam que estejam fazendo isso. O nascimento é um acontecimento cheio de grandes desafios, que nos enche de energia emocional; por isso, a qualidade de nossas aulas de respiração é criticamente importante: acabamos de passar pela nossa primeira experiência desgastante e sobrevivemos a ela, estabelecendo assim, em nossa primeira hora de vida, um relacionamento fundamental entre energia, respiração e sentimento.

Mesmo na melhor das circunstancias, o nascimento é um evento altamente traumatizante, pois passamos nove meses num paraíso de águas mornas e de repente somos empurrados a um mundo estranho. O útero que nos mantinha e nos nutria tão maravilhosamente se torna nosso agressor. Somos forçados a um longo, árduo e terrificante trabalho uma luta total pela sobrevivência. Nossos corpos sofrem extraordinária dor a cada sinal da opressora contração. Em nossa mente também há uma dor muito grande, pois estamos sendo separados violentamente de tudo que conhecemos, da nossa fonte verdadeira, como se fôssemos flores expulsas do jardim.

Existem poucas situações em nossa vida adulta que podem ser remotamente comparadas a essa primeira prova (o nascimento, provavelmente, ganha de longe ou sai do jogo). Para a maioria de nós, é o momento que mais nos aproxima da morte, até que chegue o seu verdadeiro dia. Além disso, parece ser o maior teste de nossas vidas a situação mais desafiante com que nos deparamos e as respostas que encontramos durante essa prova naturalmente servirão como exemplos em nossas provas futuras; as aulas adquiridas no nascimento se tornarão a base para as nossas filosofias e estilo de vida.

Embora quando crianças obviamente ainda não estejamos física e verbalmente desenvolvidos, somos seres de grandes faculdades mentais e emocionais. Temos a visão, a audição, o tato, o paladar e o olfato; formamos crenças sobre o mundo baseadas em nossas experiências; desenvolvemos atitudes e preferências; aprendemos a confiar e a não confiar; a ter medo e a não ter; a amar e a não amar. Nós estamos perfeitamente cientes do mundo que nos rodeia, somos afetados positiva e negativamente pelas qualidades próprias do nosso mundo e crescemos como seres humanos individuais, de acordo com a natureza das nossas experiências.

A ciência ocidental nos dá uma explicação totalmente diferente sobre o nascimento. Ela acredita que o feto recém-nascido é, de certa forma, um ser pré-consciente e portanto não sofre nenhuma afetação na hora do parto. Pelo cérebro não estar ainda totalmente desenvolvido, muitos cientistas argumentam que as faculdades humanas da consciência, emoção, memória, entendimento e aprendizado, do mesmo modo não estão desenvolvidas. Em um profundo e espantoso engano, eles examinaram um recém-nascido e concluíram que não existia ninguém! Existia um corpo, mas não uma pessoa; existia dor, mas não emoção; experiências, mas não memória; consciência, mas não aprendizado.

Tragicamente, o que acontece é que realmente não importa como você trate tal criatura, contanto que esteja cuidando da sobrevivência do seu corpo. Visto que ela ainda não é um ser totalmente consciente, não sofrerá nenhuma ofensa ou não tirará nenhuma conclusão sobre o seu comportamento.

Entretanto, alguns pesquisadores estão começando a evidenciar o que qualquer mãe já sabe: que o recém-nascido é consciente, inteligente, compreensivo e impressionável. Na verdade, o recém-nascido é hiper-consciente – ele tem maior consciência sobre o mundo nas primeiras horas de vida do que provavelmente terá em algum tempo mais tarde. Ao mesmo tempo em que o recém-nascido desenvolverá gradualmente mecanismos inconscientes para se proteger da grande quantidade de informações sensoriais ás quais ele estará para sempre exposto ele precisa fazer isto para sobreviver e para evitar a sobrecarga sensorial como um bebê ele está muito aberto, totalmente receptivo e absorvendo todo o mundo através dos seus sentidos.

Conseqüentemente, o recém-nascido sofrerá com certeza e significativamente tanto quanto qualquer adulto; ele responderá ao sofrimento como um adulto, com toda a sua capacidade, ele aprenderá e se desenvolverá a partir dos acontecimentos dolorosos (e prazerosos) suas respostas atuais serão influenciadas pelas experiências passadas e influenciarão em seu futuro comportamento.

Visto que o mundo não é perfeito, obviamente o recém-nascido experimentará alguns acontecimentos ruins, desagradáveis e totalmente indesejáveis. Entretanto, ele possui um número limitado de respostas para tais eventos: Ele não pode fugir, brigar, reclamar suas razões, verbal ou inteligivelmente, ou fazer algo para mudar efetivamente a situação. Quando ele se depara com uma situação dolorosa e é incapaz de agir eficazmente, ele faz a única coisa que é capaz: reduz a respiração e a contrai, como energia, para longe da origem da dor. Ele se retrai física, mental, emocional e energeticamente, desligando-se da causa do seu sofrimento e se afastando rigorosamente do mundo prejudicial.

Apenas por alguns momentos, imagine um sofrimento emocional de uma criança. Seu retraimento, em todos os níveis, é óbvia e facilmente sentido. Embora provavelmente ela caia em prantos como um modo de respirar livremente, liberar energia retida dolorosamente e chamar a atenção e o auxílio do adulto ela se contrairá e se afastará da primeira dor. Ainda que chorando ela sempre resolva o sofrimento a energia é liberada e a situação é resolvida pelo adulto em muitas ocasiões, chorar não irá adiantar em nada, mas tornará as coisas piores, intensificando a dor e a contração.

É importante entender que, para a criança, contrair a respiração/energia na hora da dor é uma resposta saudável, natural e inteligente; é certo, próprio e crítico para a sobrevivência da criança, e faz sentido. Se ela tiver a sorte de crescer ao lado de adultos que compreendem as dinâmicas da resposta energética e que conhecem caminhos para encorajar o relaxamento e a solução dessas energias contraídas, ela superará todos esses sofrimentos e ao mesmo tempo aprenderá e crescerá de um modo saudável para enfrentar o futuro.

Entretanto, quando ela não recebe tais dedicações e a dor é extremamente traumatizante e/ou freqüentemente repetida, ela reterá a energia contraída como parte de sua experiência. Essa contração fixa de energia a afetará em todos os níveis como tensão física, neurose mental ou até como disfunção emocional, tornando-se uma parte vital da definição da sua personalidade; Será o exemplo principal através do qual ela experimentará o mundo e organizará suas respostas para os futuros acontecimentos.

Respirando – Ed. Gente

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Renascimento

Ruth Adler

Renascimento é um método moderno e holístico de auto-ajuda, que tem sido usado, com sucesso, por milhões de pessoas em todo o mundo. Utiliza uma técnica respiratória precisamente definida e saudável para dar consciência profundamente positiva e detalhada de sua mente, do seu corpo e de suas emoções. 0 propósito do Renascimento é lembrar e re-experimentar o nascimento, reviver fisiológica, psicológica e espiritualmente o momento da primeira respiração e libertar o trauma disto. 0 processo começa transformação da impressão que o subconsciente teve do nascimento, passando de dor primal para o prazer. Os efeitos sobre a vida são imediatos. Padrões de energia negativa fixados na mente e corpo começam a se dissolver. Rejuvenescimento substitui envelhecimento e a vida se torna mais divertida. É aprender como encher o corpo físico com energia divina no dia-a-dia.

No momento do nascimento você formulou impressões sobre o mundo que tem carregado consigo por toda a vida, estas impressões lhe controlam no nível subconsciente. Muitas destas impressões são negativas: “A vida é uma luta”; “Não posso conseguir o que preciso”; “As pessoas me machucam”; “0 amor é perigoso”; “Não sou desejado”; etc.

Suas impressões são negativas porque os seus pais e as outras pessoas que cuidavam de você não sabiam do que você precisava quando você nasceu e lhe deram muitas coisas que você não precisava: luzes brilhantes demais para seus olhos sensíveis, sons estridentes demais para seus ouvidos e toques de mãos e tecidos ásperos demais para sua delicada pele. Alguns do vocês, apesar do fato da coluna ter estado curvada por vá-rios meses, foram virados abruptamente de cabeça para baixo e apanharam presos pelo calcanhar, o que produziu dor excruciante.

Respirar foi associado com dor e sua respiracão tem sido superficial demais desde então. A dor física em nada é comparada com a dor psíquica do nascimento. A natureza proporciona ao recém nascido receber oxigênio pelo cordão umbilical enquanto aprende a respirar na atmosfera (o que é uma experiência totalmente nova depois de ter estado em água), mas costume tem sido cortar o cordão imediatamente, jogando-lhe num pânico onde você sentiu que certamente iria morrer bem no nascimento.Ruth nos diz que não se pode esperar qualquer tipo de bom resultado na vida sem primeiramente tomar total responsabilidade por sua produção. Por que perguntar como? O como é um truque da mente para adiar. Se você perguntar como, estará perguntando como deixar para depois, porque estará dizendo que deve haver algo a ser praticado. E a prática leva tempo. E naturalmente, você não pode praticar agora; o amanhã chega. E, quando o amanhã chegar, você estará tão debilitado que não terá mais força para começar. As explicações se tornam barreiras para a experiência. Através de explicações você começa a justificar as coisas por aí. Elas não o levam a experiência; em lugar disto, elas se tornam substitutos.

Lembre-se sempre da diferença entre conhecimento e sabedoria: o conhecimento é uma coisa morta, acumulada; o saber é um constante movimento. A vida se move em direção ao futuro, a mente se move em direção ao passado. Então, aos poucos, a mente fica completamente fechada em si mesma. Não apenas isso, a mente até mesmo fica temerosa de ver o que a vida é. A vida é constantemente uma ressurrei-ção. A cada momento ela morre, a cada momento nasce de novo. Mas você prossegue levando a mente velha. Você não se ajustará a lugar algum. E você o sabe: você nunca se ajusta em lugar algum, e jamais se ajusta a alguém. Onde você estiver, há algum problema. Algo está sempre faltando, falhando. A harmonia nunca vem dos seus relacionamentos – porque a harmonia só é possível se você for um fenômeno que flui, que muda, que se move, que se funde de novo.

A ira (raiva) é natural, porque você não a criou; você nasceu com ela, doada pela natureza. E a nature-za deve ter algum uso para ela, pois caso contrário, não lhe teria sido dada. Mas a sociedade é contra ela; manda que seja reprimida. E quando você suprime a ira, muitas outras coisas serão suprimidas também, porque tudo está inter-relacionado no seu ser interior. Você não pode su-primir uma coisa só ou exprimir uma coisa só; quando você expressa uma coisa, milhões são expressas; suprimindo uma, milhões são suprimidas.

É assim que se move o círculo vicioso no mundo. Primeiro você cria um padrão, você força o padrão, e então, no final, a vítima não pode viver sem ele. Então você “prova”: “0lhem! ninguém pode andar sem muletas. Você nunca permite que alguém ande sem muletas. A toda criança são dados muitos, muitos preconceitos. E sempre que ela tentar viver sem pre-conceitos, descobrirá que é muito difícil porque eles ficaram enraizados, inerentes, atingiram até a própria essência do seu ser. No Ocidente, em particular “compromisso” se tornou uma palavra condenada, uma palavra tabu. No momento em que você ouve “compromisso”, fica com medo. Um compromisso é um ponto sem retorno.

Amor, meditação, oração, respiração consciente, são compromissos profundos; e quem tem medo do comprometimento? 0 ego é que tem medo do compromisso – porque compromisso significa que agora não há mais volta. Isto é assim! Você não pode se encontrar, a não ser que se perca. E não pode renascer, a não ser que morra.

Em algum lugar, no inconsciente, a mente tem um mecanismo profundo. Ela sente que deve existir dois caminhos; como entrar e como sair. Não, não existem dois caminhos. É o mesmo: pela mesma porta você entra e pela mesma porta você sai. E se compreender como entrou, poderá compreender como sair. Assim, quando você ficar zangado, apenas preste atenção em como está entrando nisso. Passo a passo, devagar, preste atenção e, de repente, ficará iluminado! Essa é a situação de todos. Você entrou na vida. Agora está se debatendo aqui e ali sem saber como escapar, para onde escapar. Esta técnica de respiração nada mais é do que um auxílio para fazê-lo consciente de como entrou. Você pode reviver todo o filme para trás, pode recuar até a infância e depois recuar até o útero materno. E então chega o momento em que você vê a primeira coisa: como entrou no útero. Seu pai e sua mãe apenas criaram uma situação, e nessa situação, você entrou. A janela estava aberta – você entrou. Ela é a mesma para sair. A respiração no Renascimento é circular e conectada. Aprendemos que respirar rapidamente não necessariamente induz à hiper-ventilação (medicamente descrita como respiração tão profunda que tem uma perda de dióxido de carbono no sangue); observamos que, independente do ritmo da respiração, relaxar na presença de um renascedor pode produzir a síndrome. Elevar a respiração, desde que a respiração esteja relaxada, elimina os elementos da síndrome completamente. A respiração rítmica é puxar inspiração e relaxar na expiração numa contínua sucessão de forma que a inspiração esteja conectada com a expiração; a chave é relaxar no formigamento ou desconforto. A respiração rítmica tira a massa mental negativa de seu corpo e lhe habilita a incorporar nele a energia de vida.

E lembre-se: só a desilusão pode prepará-lo para o passo seguinte. Aliás, se você está absolutamente desiludido com a vida que tem vivido, com sua maneira de ser, então quase a metade da viagem está feita. Se uma pessoa pode reconhecer uma coisa falsa como falsa, já conseguiu discernimento – e agora está pronta para conhecer a verdade como verdade; o primeiro passo é conhecer o falso como falso. Então o segundo passo se torna automaticamente possível: conhecer a verdade como verdade. As causas do seu sofrimento são internas. Externas são apenas as desculpas. Você poderá mudar o exterior, mas nada se alterará se o interior permanecer o mesmo. O interior criará repetidamente o mesmo padrão, seja qual for a situação ex-terna, porque o ser humano vive do interior para o exterior. Tudo que lhe acontece, acontece por sua própria causa. As causas externas são secundárias, as causas internas são as principais. E a menos que você compreenda isto, não existe possibilidade de uma transformação pois a mente continua a enganá-lo; a mente sempre aponta para o lado de fora: a causa está noutro lugar. Se a causa é de fora, então você está destinado à escravidão para sempre. Lembre-se: a mente é receptiva, não-original, é uma coisa mecânica, como um computador. O indivíduo precisa ir além dela. Se não o fizer, a mente o frustrará continuamente e vai lhe dar sempre o mesmo padrão. O Renascimento não é uma psicoterapia porque o conteúdo das emoções vivenciadas não são analisadas. O processo é vivenciar, sentir a dor e incorporar este sentimento até ser dissolvido. Tudo que estou realmente dizendo é que as pessoas terão muito mais energia se celebrarem o fato de estarem vivas, ao invés de fazer de toda a vida um erro e tentarem se esconder dela. Reprimir uma emoção inevitavelmente leva a um aumento daquela emoção, mesmo que a nível inconsciente.

Entrevista realizada por
Regina Marigny Grosman

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Quem é você?

Satyaprem

10 PÉROLAS RARAS, CLARAS E PRECIOSAS

I

Só tem um lugar pra olhar, e ele começa com a pergunta: Quem é você? E acredite: você não é nada que você pense que você seja. Não importa o quão maravilhosa seja a idéia que você tenha de si mesmo, ou horrenda, ou terrível, ou medíocre. Não é questão do adjetivo, a questão é do substantivo. Você não pode ser uma idéia, porque uma idéia pode ser repetida e você é irrepetível. Você não é algo que possa ser apalpado, que possa ser tocado… Qualquer idéia que eu te der, qualquer idéia que você receba, não é o que você é. Porque você é indefinível.

II

Você pensa que você pensa, porque você pensa que você é aquele que pensa. Mas VOCÊ não pensa! Então, convide os pensamentos a ficarem. Por que você tem brigado com os pensamentos? Eles não são seus… Eles são apenas pensamentos… Como os sons dos carros que passam, os sons das vozes… E isso tudo é periférico a VOCÊ.

III

Você não pode encontrar a si mesmo, porque você é o que você está buscando. Com a idéia que lhe foi dada, subtende-se que há alguém que busca, e que tem algo a ser encontrado. Tem um sujeito e tem um objeto. Você pode escolher quem você é: o sujeito ou o objeto. E ainda assim, qualquer escolha que você faça, não é você.

IV

Especular antes de se jogar no abismo é vão! O meu convite é: antes de pensar, te joga! Pensa depois! Esse abismo que eu estou falando é o abismo que você é. Confronte algo, que de alguma forma lhe foi dito que é inacessível e amedrontador – e não esqueça que isso é uma idéia emprestada de alguém.

V

Imagina se para você encontrar a paz, você precisasse que todos os carros parassem, e que todas as vozes se calassem, e que todas as chuvas não chovessem, e todos os dias quentes não fossem dias quentes, e todos os dias frios não fossem dias frios, e todas as dores de barriga não fossem dores de barriga… Assim, você teria uma possibilidade ínfima de realizar a sua paz interior. Pensando assim, você está no caminho errado. Você ainda está olhando para fora.

VI

Se for dito que depois que você encontrar a Verdade você realizará milagres e poderá passear no cosmos… é dado valor, caso contrário, não. Mas observa! Tem algo a acontecer? Disseram a você que algo aconteceria, e você vive à espera de que algo aconteça. E eu estou mais uma vez repetindo: Esse algo é uma idéia. Você não vai ver luzes e nem sentir uma explosão de êxtase. E você tem buscado quem você é, esperando por isso. Mas não se engane! Não há nenhuma idéia que se assemelhe Àquilo o que você é.

VII

De repente você se depara com o vazio, com o indefinível, com o sem-forma, com o sem nome… com o infinito. Que não pode ser medido, sentido ou compreendido. E aí, você fica de cara com Aquilo, e diz: “Não! Não pode ser isso. Isso é um desastre!” Será que é mesmo um desastre? A mente concebe a idéia de algo vazio como vazio; mas será que o vazio é vazio, mesmo? E se o vazio for cheio, e o cheio que a mente concebe for vazio?

VIII

O desejo enche de vazio a sua vida. Quem sabe então, só o vazio enche realmente a sua vida? Questione-se! E não esqueça que o primeiro passo para esse vazio é saber quem é você.

IX

Existe uma tendência em procurar no lugar errado. Você tem que perceber algo que não pode ser percebido, por você ser aquele que percebe. Não tem saída! Por isso: pare de buscar! Pare! Stop! Zera tudo! E não esqueça: não é um zerar, pois não há alguém que zere. Não há nada fora do Todo, fora do Divino, da Essência, da Consciência…

X

Nem mesmo somos separados de Deus, senão uma emanação daquilo que está em descanso… Que emana-se, manifesta-se, e que quando termina o processo de manifestação, retorna. Assim como uma onda no corpo do oceano, que sobe e desce… E tudo o que existe é o oceano. Não existe onda! Foi dado um nome a algo que é o próprio oceano. E quando foi dado um nome para aquilo, foi feita uma separação entre a onda e o oceano. E isso explica, talvez, você estar identificado com o seu nome e sua forma.

Fonte: “A onda descansa nos braços do Oceano”
Satyaprem – Satsang em Salvador/julho 2000

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Que mãos devem segurar o bebê?

Frederick Leboyer

Uma palavra sobre as mãos que sustentam o bebê. É pelas mãos que falamos ao bebê, que nos comunicamos com ele.

O tato é a primeira linguagem, a que percebe a outra, de longe.

Ver e compreender vem após sentir. Com o uso da palavra e da inteligência.

É este tato que, nos cegos, reencontra a acuidade. Percebe-se logo como é importante o contato, a maneira de tocar a criança. É uma linguagem pele a pele. Desta pele da qual derivam os outros órgãos dos sentidos. Que são como janelas, que são como aberturas nas paredes de pele que nos limitam e separam do mundo. Aberturas através das quais entramos em relação com o “exterior”. A pele do recém-nascido tem uma inteligência, uma sensibilidade de que não suspeitamos. 

É por meio desta pele que a criança conhece o mundo: sua mãe. É por toda a extensão de suas costas que estava em contato com o útero. Era daí que recebia informações.

Quando dizemos que o passado está atrás de nós, não se trata apenas de uma imagem. É um fato. O passado está nas costas! Através dela o mundo, a mãe falava à criança.

Ora, quando a criança nasce, de repente, nada mais existe! O bebê está nu como Adão. E mãos o tocam! Mãos que não se parecem em nada com o útero. Não têm o mesmo calor, nem o mesmo peso, nem a mesma lentidão, nem a mesma força. Nem o mesmo ritmo.

Primeiro contato com o desconhecido, com o mundo, com o outro. Primeira surpresa, primeiro horror.

Porque estas mãos que tocam, que manipulam a criança, estas mãos ignorantes, desatenciosas, não têm nenhuma noção do que a criança conheceu até então.

As mãos são órgãos de inteligência, de vontade. Obedecem a músculos estriados. Músculos da consciência, da rapidez. Seus movimentos são vivos, breves, para não dizer bruscos. E aterrorizantes para o bebê, que conheceu apenas o movimento lento, contínuo das vísceras.

Como o infeliz bebê não ficaria em pânico com esse contato novo?

Como tocar, manipular um recém-nascido?

Muito simples: lembrando do que ele acaba de deixar. Tendo, uma vez mais, presente o seguinte princípio: tudo que é novo, desconhecido, aterroriza. Tudo que é reconhecível, tudo o que parece familiar, acalma.

De modo que, para acalmar, para pacificar a criança no universo estranho, incompreensível, onde é subitamente lançada, é necessário e suficiente que as mãos que a tocam falem uma linguagem “visceral”. Devem falar, tocar, como o útero o fazia.

Que significa isto?

Bem, simplesmente, as mãos devem retomar a lentidão, a continuidade do movimento de contração uterina, de “onda peristáltica”. Que durante meses a criança conheceu a ponto de “tê-la na pele”.

Eis porque, também, é preciso de inicio colocar o bebê de bruços a fim de poder, massageando-o, falar às sua costas.

Essas mãos devem dizer o que? O que a mãe, no útero, dizia. Não o útero do último momento, o útero do trabalho de parto, o útero furioso, que expulsava, que escorraçava. Mas o útero do início, dos dias felizes. O que estreitava lentamente, amorosamente. O útero que abraçava. O útero que era apenas amor.

Existia uma relação amorosa, infinitamente sensual, entre a mãe e a criança, entre o útero e sua presa.

É isto que precisamos reencontrar, dar à criança algo assim como um eco do que conheceu durante tanto tempo. Que perdeu subitamente e cuja ausência o angustia.

Não se trata de fricção nem de carícia. É uma massagem forte, apoiada, mas muito lenta. As mãos devem percorrer as costas do bebê, uma após a outra, sucedendo-se como ondas, como vagas, sem interrupções, interminavelmente. Antes da mão terminar seu trajeto, a outra deve começar. Vão, com um ritmo igual, até o fim do movimento. É um ritmo que deve ser redescoberto, re-aprendido.

Sem reencontrar essa lentidão visceral, esta lentidão que, instintivamente os amantes utilizam, é impossível se comunicar com a criança.

Mas… dirão todos, você está fazendo amor com essa criança!

Quase. Fazer amor é retornar ao paraíso, é mergulhar no mundo de antes do nascimento, de antes da grande separação. É reencontrar a lentidão primordial, o ritmo cego e todo-poderoso do mundo visceral, do grande oceano. Fazer amor é a grande regressão.

Aqui é o contrário. Trata-se de ir adiante. De facilitar a passagem, tornando-a aceitável, agradável, deliciosa, e não terrificante, repulsiva.

O que fazemos aqui é acalmar a angústia de um expatriamento total, prolongando um estado no novo estado. É acompanhar a criança. É acalmá-la fazendo correr ainda sobre suas costas a sombra da onda uterina que conheceu e terminou por amar durante tanto tempo.

De resto, será preciso renovar essa massagem lenta e sábia seguidamente. Sim, fazer amor é o remédio soberano para a angústia, é reencontrar a paz e a harmonia. No desastre que é o nascimento, não é justo usar esse soberano modo de encontrar a paz?

Mas as mãos também podem ficar simplesmente imóveis. Através das mãos que o tocam, o bebê sente tudo: nervosismo ou calma, falta de jeito ou segurança, ternura ou violência. Ele sabe se as mãos o amam. Ou se são distraídas. Ou pior, se não querem saber dele. Entre mãos atentas, amorosas, a criança se abandona, se abre. Entre mãos hostis, rudes, ela se retrai, bloqueia-se, fecha-se.

De sorte que antes de se movimentar para seguir as vagas que percorrem o pequeno corpo, é suficiente deixar as mãos imóveis sobre a criança. Mãos que não sejam inertes, distraídas, ausentes, mãos que não estejam longe. Mãos atentas, vivas, vigilantes, que sintam o menor movimento da criança. Mãos leves. Que comandam. Que não pedem. Que simplesmente estão lá, seguras.

Mãos leves, mas pesadas com sua carga de ternura. E de silêncio.

Nascer Sorrindo – Ed. Brasiliens

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Psicoterapia eu? Não sou louco!

Sirley R. S. Bittú

Imagine uma sala escura que você não conhece e vai entrar pela primeira vez, o papel do psicoterapeuta é acender a luz, com a claridade você poderá ver o que tem na sala e decidir o que quer fazer com isso, onde quer sentar, se quer mudar algo de lugar, se vai trocar a mobila ou a cor das paredes, etc… Algumas pessoas acreditam erroneamente, que o psicoterapeuta esta lá para dizer o que você deve fazer com sua vida e por isso não o procuram.

A palavra PSICOTERAPIA vem de therapia – que significa tratar, cuidar e psic.(o) que se refere a mente, portanto, psicoterapia é um processo de busca de conhecimento e desenvolvimento pessoal e principalmente de ajuda. PSICOTERAPIA não é magia, o psicólogo não tem uma varinha de condão que vai alivia-lo de todos os seus males ou resolver todos as suas dificuldades. A psicologia é uma ciência e uma profissão que tem como objeto de estudo o comportamento humano. O que basicamente orienta o psicólogo não é sua forma pessoal de compreender o mundo, o psicólogo não é um professor da vida, é um profissional treinado e habilitado para conduzi-lo nesse difícil processo de AUTOCONHECIMENTO.

O papel do psicoterapeuta é iluminar o caminho para permitir que você faça escolhas, é difícil escolher no escuro. Não é um doutrinador, alguém que vai impor seus valores morais, crenças e verdades próprias. Também não é um juiz que vai decidir entre certo/errado ou dar seu parecer sobre o que pensa a respeito deste ou daquele comportamento. É alguém que fará uma proposta de relação de respeito, aceitando você como é em sua completude, com suas particularidades, incondicionalmente. Lembre-se: aceitar não significa concordar.

Apesar da similaridade humana, as pessoas são diferentes, justamente por isso, cada processo de psicoterapia é único, cada pessoa é especialmente diferente em suas necessidades, em seu ritmo, e em seus potenciais emocionais, físicos e intelectuais.

Psicoterapia è um processo de “mão dupla” onde é necessário alguém que queira ajudar (psicoterapeuta) e alguém que queira ser ajudado, mas principalmente, esteja disposto a se ajudar. Ninguém ajuda ninguém que não queira ser ajudado, já dizia meu avô.

Quem são os Psicoterapeutas? São os profissionais da área da saúde (Médicos-Psiquiatras e Psicólogos) que se especializam no tratamento clínico. É importante que você escolha alguém com quem você tenha um mínimo de empatia, que seja de sua confiança, ou indicado por alguém em quem confie, além é claro, de ser um profissional preparado para essa função.

Porque as pessoas fazem psicoterapia? O ser humano é resultado de sua historia, nascemos com potenciais de saúde (características herdadas) e necessitamos de provisão externa para nos desenvolver. Somos influenciados e influenciamos todo o tempo. Nascemos totalmente espontâneos e criativos e somos moldados para vivermos socialmente, podados de forma mais ou menos severa, dependendo da visão de mundo e principalmente da saúde interna de nossos educadores.

Recebemos modelos sociais todo o tempo, os mais fortes geralmente são os que surgem de nossas primeiras experiências de vida e de vivenciar a sociedade, que acontece através de nossos pais, ou daqueles que fazem esse papel. Você já parou para pensar que toda família tem um código particular? Você já presenciou uma troca de olhares entre dois irmãos que só eles entendem, sem precisarem dizer uma só palavra? Ou regras do tipo: quem se serve primeiro no jantar, as crianças ou os pais?, os da casa ou as visitas? Ou aquela regra que ninguém nunca falou mas que todos na casa sabem?, pois é, isto é família, é código, são alguns dos parâmetros que usamos para nos relacionar com o mundo, consciente e inconscientemente.

Algumas das dificuldades surgem, quando pensamos que todos são iguais, como se todos fossemos da mesma família, com as mesmas regras e hierarquias.

Lembro-me que certa vez, uma cliente chegou muito nervosa para a consulta, por conta de uma pequena briga com o namorado, que havia desencadeado uma certa “crise” na relação. Ela explicou que havia participado do famoso (e sagrado, para aquela família), ”almoço de domingo” na casa dele. Com a mesa posta, a família levantou-se e começou a se servir naturalmente. Ela dizia, …”considerei uma tremenda falta de educação, parecia que ninguém estava preocupado comigo!”… nem se preocuparam em deixar que eu me servisse primeiro, afinal de contas eu era a visita!… e veja só… o meu namorado, sem entender minha revolta, dizia …”o nosso objetivo era te deixar a vontade… é horrível quando alguém te trata como visita!”.

Este é apenas um dos inúmeros exemplos que encontramos em nosso dia a dia onde esperamos que os outros tenham a mesma atitude que teríamos nesta ou naquela situação, e que tirem as mesmas conclusões, que tiraríamos dos comportamentos. Neste caso, destacando apenas superficialmente a questão, ser especial para ele era fazer parte da família e para ela, ser especial era ser considerada visita. É claro que existiam outras questões em jogo como sua auto-estima baixa, e sua tendência a dar mais valor ao que não teve, neste exemplo ela não havia se dado conta, que tinha sido convidada para o “sagrado almoço familiar”.

O processo de psicoterapia faz também este trabalho de “pesquisa” e revela esses códigos, nossa forma de nos relacionar, nossas expectativas e desejos, ajudando a traze-los para a consciência, e uma vez conscientes, podemos enfim decidir o que fazer com eles, quais alterar e quais preservar.

Nós somos seres sociais, vivemos em relação todo o tempo e necessitamos do outro para crescer e nos desenvolver fisicamente (nos primeiros anos de vida) e psicologicamente (durante nossa vida toda).

Somos o resultado de nossas características hereditárias e do nosso potencial de saúde acrescido das influencias que recebemos, resultantes das crenças e dos valores morais de nossos pais/educadores.

Nascemos totalmente espontâneos e criativos e temos o potencial para nos relacionarmos afetivamente e intimamente, mas dependemos do aprendizado. As vivências que temos durante nosso desenvolvimento emocional moldarão nossa forma de perceber e ver o mundo, e nos darão parâmetros para nos relacionarmos com ele. São dessas experiências que nascem nossa auto-estima e nosso sentimento de segurança pessoal. O ser humano é dinâmico e sempre tem a possibilidade de crescimento e transformação, portanto as dificuldades emocionais que adquirimos como resultado de nossa historia de vida podem ser superadas.

Estamos continuamente aprendendo com nossas relações, todo o tempo. A relação de psicoterapia torna-se um novo modelo, uma nova proposta, onde passamos a compreender nossa historia, perceber e entender a nossa responsabilidade naquilo que nos acontece e onde contribuímos, mesmo sem perceber, para nossas dificuldades.

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Psicoterapia corporal

Carlos Eduardo Melo Oliveira

Uma introdução às principais concepções das distintas abordagens

1 – Introdução:

A psicoterapia corporal ou somática emergiu da obra  de Wilhelm Reich, depois de seu afastamento do movimento psicanalítico. Seu desenvolvimento tem como suporte teórico-filosófico, além das idéias oriundas da psicanálise, a fenomenologia e o existencialismo, interagindo na sua proposta de prática clínica com a gestalt-terapia, o psicodrama e as abordagens reunidas sob a denominação de “movimento pelo potencial humano”.

No interior da fenomenologia e influenciado pelo gestaltismo, Merleau-Ponty, ocupando a cátedra de Bergson, anuncia uma concepção  que caracteriza todo o espectro da psicoterapia somática:

“Não é preciso dizer que nosso corpo está no espaço, nem está no tempo. Ele habita o espaço e o tempo (…) Eu não estou diante de meu corpo, estou em meu corpo, ou melhor, eu sou meu corpo”.

A psicoterapia somática propõe, através do contato com o corpo enquanto organismo vivo e expressivo, re-vivências de caráter emocional-afetivo, acompanhadas de uma tomada de consciência capaz de dar suporte à reestruturação do vivido, processo no qual o papel da relação terapêutica é fundamental.

É um trabalho no campo somato-afetivo, a partir da prática e da compreensão do que se sente e vive. Seu campo divide-se hoje em uma série de distintas vertentes: a orgonomia reichiana, a vegetoterapia-caracteroanalítica de Federico Navarro, a análise bioenergética de Alexander Lowen, a biossíntese de David Boadella, a psicologia biodinâmica de Gerda Boyesen e a psicologia formativa de Stanley Keleman, entre outros. Apesar das diferenças entre estas abordagens, suas concepções a respeito da interação entre os aspectos fisiológicos e orgânicos e os processos emocionais, afetivos e psíquicos, permitem a caracterização da psicoterapia corporal.

2 – As abordagens reichianas:

2.1 – A orgonoterapia:

Reich, muito influenciado pela perspectiva bergsoniana, desenvolve uma concepção organicista e não mecanicista dos seres vivos. A crença na vida como força, atividade criadora e criativa, vai impedi-lo de aceitar o conceito de pulsão de morte como um segundo fator explicativo da psique humana.

Reich postula uma identidade básica, uma unidade funcional entre o psíquico e o somático que tem como fontes a mesma energia, possibilitando a correspondência e mútua influência entre atitudes corporais e atitudes psíquicas e emocionais.

Propõe uma abordagem psicoterapêutica que inclui uma intervenção corporal como recurso para a liberação da energia psíquica das couraças caracteriológicas. Através da análise do caráter e do trabalho sobre as couraças musculares, visa a liberação de emoções reprimidas, de modo a resgatar o movimento expressivo.

O ser vivo se expressa através do movimento, uma característica inerente à vida. A biopatia humana é resultante de um somatório de todas as distorções dos modos naturais de expressão do organismo vivo, distorções geradoras de estados patológicos.

Os temas e problemas do paciente são percebidos de modo a focalizar o comprometimento da expressão emocional de seu corpo, tentando apreender seus significados. O indivíduo encouraçado é incapaz de dissolver, por si, suas próprias couraças, sendo também incapaz de expressar suas emoções biológicas primárias.

Segundo Reich, a couraça muscular tem uma disposição segmentada em sete anéis perpendiculares à coluna. São os segmentos: ocular, oral, do pescoço, torácico, diafragmático, abdominal e pélvico. O trabalho para a diluição das couraças é feito de cima para baixo, acompanhando o deslocamento energético que é efetuado ao longo do desenvolvimento maturacional do ser humano.

Os segmentos da couraça compreendem todos os grupos de órgãos e músculos em recíproco contato funcional que podem induzir-se mutuamente ao participarem de um movimento expressivo. A diluição do encouraçamento põe em liberdade estes movimentos e as correntes plasmáticas internas.

Reich desenvolveu sua prática somática no interior de seu trabalho analítico. Considerava que muitas vezes a linguagem verbal funcionava mais como defesa, obscurecendo a linguagem expressiva do núcleo biológico. A qualidade vital no ser opera de forma autônoma, para além dos domínios da linguagem, do intelecto, da vontade.

Em sua perspectiva, o soma influencia a psique, assim como a psique condiciona o soma. A intensidade de uma idéia psíquica depende da excitação somática a ela associada. A emoção tem origem no campo somático. A psique é determinada pela qualidade das idéias, desejos, enquanto o soma, pela quantidade de energia em ação.

A energia biológica governa tanto o psíquico quanto o somático. Há uma unidade fundamental, assim como há uma antítese, como representado no diagrama abaixo:

* Antítese psicossomática

* Identidade psicossomática

Fonte de energia biológica

Para Reich, a incapacidade ou limitação do movimento expressivo, da pulsação do organismo, ocasionada como decorrência da retenção e da estase da energia sexual, produz a impotência orgástica e dela surgem as biopatias. A tarefa terapêutica constitui-se em dissolver as couraças, restabelecer  a mobilidade pulsional, extinguir as atitudes retentivas, possibilitando a irrupção do reflexo do orgasmo, a entrega por completo às sensações orgânicas e às pulsações involuntárias.

A enfermidade psíquica está diretamente relacionada à perturbação genital que constitui a fonte de energia dos sintomas neuróticos. Esta fonte de energia da neurose, seu cerne somático, é a energia sexual reprimida. A possibilidade de cura passa por restabelecer a capacidade para a satisfação sexual plena, a potência orgástica.

“Potência orgástica é a capacidade  para abandonar-se, livre de quaisquer inibições, ao fluxo da energia biológica: a capacidade de descarregar completamente a excitação sexual reprimida, por meio de involuntárias e agradáveis convulsões no corpo.”

A restauração da potência orgástica tem para a abordagem reichiana uma significação equivalente à superação do complexo de Édipo para a psicanálise.

Há uma antítese fundamental entre a sexualidade, enquanto processo somático, e a angústia, de natureza psíquica. Assim, o conflito psíquico e a estase da excitação somática alimentam-se mutuamente. O conflito psíquico central está relacionado às fantasias sexuais infantis e a configuração particular do complexo de Édipo, presentes em toda neurose. A estase da excitação sexual é o fator sempre simultâneo, que não contribui para o conteúdo da neurose, mas lhe fornece energia.

Quando a satisfação orgástica é experimentada no presente real, as fixações infantis perdem a sua força, pois elimina-se a estase que é sua fonte de energia. Assim, dependendo do grau de energia sexual descarregada, o complexo de Édipo tende a realizar sua resolução, ou torna-se patológico.

2.2 – A vegetoterapia:

Esta abordagem baseia-se na utilização sistemática de intervenções específicas sobre os sete anéis da couraça. Elaborados por Reich, os actings foram sistematizados por Ola Raknes – ele que provinha da psicanálise dos anos 30. Federico Navarro foi responsável pelo seu desenvolvimento, divulgação e formalização enquanto projeto terapêutico da vegetoterapia.

Os actings são como um instrumento da técnica e da prática psicoterapêutica, de origens diversas incluindo desde o yoga e a oftalmologia (via Baker) até a observação de bebês na psicanálise. Cada acting tem um significado específico, busca reeditar aspectos da condição arcaica da formação do ser humano na 1a infância. Atua nesta direção estimulando o movimento pulsional, paralisado ou comprometido, a re-expressar-se.

A fase intra-uterina e o primeiro ano de vida (fase oral) são fundamentais em termos da somato-psicodinâmica. A fase oral é centrada na relação com a figura materna. Os núcleos psicóticos (melancólico, depressivo, paranóide) são formados nesta fase originária, que engloba a gestação, a vida intra-uterina, o nascimento e o primeiro ano de vida (entre os 9 e 12 meses).

Há uma correspondência entre estes núcleos e os desequilíbrios da musculatura lisa, regulada pelo sistema vegetativo, enervado pelo sistema nervoso autônomo, através do simpático e do parassimpático. A couraça tissular, visceral, é uma primeira defesa contra os núcleos psicóticos. O arcaico predominante é o visceral: a respiração, circulação, excreção, o sistema neuro-endócrino e neuro-vegetativo.

Podemos dizer que na vida intra-uterina prevalece o aparato neuro-endócrino, após o nascimento passa a predominar o funcionamento neuro-vegetativo e, só mais tarde, o neuro-muscular. O que importa ao bebê são as necessidades viscerais. O que vai para a psique provém dos estados neuro-vegetativos, do funcionamento visceral (de aparelhos e orgãos).

A estrutura caracterológica constitui-se assim refletindo a estrutura endo-psíquica ligada à fase pulsional. A estrutura endopsíquica está relacionada à imagem predominante na psique do indivíduo em relação a si mesmo e ao mundo, em correspondência com os núcleos psicóticos e suas defesas.

O percurso de mobilização do acting é diferente do acesso pela interpretação. Os actings são propostos enquanto re-vivências – reedições de movimentos pulsionais orgânicos comprometidos. A dissolução das defesas primárias é realizada através do estímulo a movimentos pulsionais localizados.

O acting não age isoladamente, trabalha-se com o paciente através dele. É possível que seja necessário esperar um longo tempo para iniciar os trabalhos com os actings. O fundamental é perceber a dinâmica e o momento de cada um, adequando-se ao ritmo próprio da relação que se constitui na vivência interativa entre cliente e terapeuta. Para se ter uma modificação estrutural, é importante trabalhar o indivíduo como um todo, na sua estrutura. Para a vegetoterapia, ao restringir as intervenções somáticas a trabalhos sobre a musculatura, algumas abordagens não atingem o núcleo psicótico, só as defesas.

Cada acting deve ser repetido em sucessivas sessões, até que o quadro clínico apresente alguma alteração. Esta avaliação deve se dar a partir da alteração do material trazido (fatos, sentimentos, sensações) entre uma sessão e outra e não restringir-se ao que é partilhado logo após o acting. É importante estar atento, além da reação ao acting, aos sonhos, ao estado emocional, à conduta. Na dúvida, é preferível continuar trabalhando no mesmo acting, antes de avançar na seqüência estabelecida.

Esta seqüência corresponde ao trajeto psico-afetivo e energético das etapas do desenvolvimento humano. Quanto mais arcaico o movimento pulsional, mais ele é vivido como responsável pela sobrevivência. Um estresse intenso no período fetal pode atingir e deixar seqüelas no indivíduo como um todo. É importante ter em conta que o estresse afeta mais o sistema neuro-vegetativo que o neuro-muscular.

Os primeiros actings, relacionados aos segmentos ocular e oral, são fundamentais, já que reeditam o vínculo com a mãe, eixo da relação simbiótica. Através do recurso da lanterna, a luz fora é internalizada como luz dentro.

Se as condições de vínculo são satisfeitas, aos poucos vai se tornando possível a discriminação. A formação do eixo interno, vertical, é uma introjeção do eixo horizontal com a mãe. É neste sentido que o acting do segmento ocular torna-se curativo, criando possibilidades de reestruturação interna.

O eixo é condição da separação. A relação é simbiótica enquanto o vínculo substitui o eixo. Quando ela passa a confirmá-lo, é sinal que a relação foi satisfatória: acolheu o desenvolvimento do ser da criança, ou houve uma reparação na vivência terapêutica do adulto.

O trabalho sobre a musculatura estriada, a partir do 3o segmento (do pescoço) atua sobre as defesas secundárias; se for precipitado, pode ocorrer ou o reforço destas defesas, ou a sua quebra, ocasionando um surto psicótico (com um paciente próximo a um surto, é fundamental a aliança terapêutica com o verdadeiro self, atuando como ego auxiliar para não romper uma defesa já tênue).

As condições de muscularidade permitem que se trabalhe tanto no nível sensório-perceptivo quanto com a mobilidade (na fase oral o bebê calca sua experiência mais na motilidade da musculatura lisa do que na mobilidade da musculatura estriada esquelética).

Ao trabalhar com as defesas é muito importante observar as reações durante a sessão, já que a ação da musculatura voluntária encontra-se acessível à consciência. No nível visceral, trabalhando os núcleos psicóticos inconscientes, a observação mais significativa é no intervalo entre as sessões.

Os segmentos diafragmático, abdominal e pélvico compõem elementos da afirmação da própria identidade, etapa final de um longo percurso, que organicamente se complementa na puberdade, momento de maturação das funções sexuais, as últimas a se desenvolverem, consolidando a identidade sexual, masculina ou feminina.

3 – As abordagens neo-reichianas :

Estas abordagens trazem influências significativas dos movimentos existencial e humanista, da psicanálise e embasam-se em desenvolvimentos de aspectos da obra de Reich. Das abordagens descritas abaixo, a bioenergética é a que mais enfatiza o referencial psicanalítico, valorizando os aspectos inconscientes, o manejo da transferência e a interpretação da resistência. No pólo mais afastado desta e mais imbricado com o existencialismo está a psicologia formativa de Stanley Keleman.

De toda forma, um dos aspectos mais enfatizados por todas estas abordagens é o caráter vivencial do aprendizado, seguindo a linha existencial de valorização da experiência vivida.

3.1 – Análise Bioenergética:

A análise bioenergética foi sistematizada por Alexander Lowen e John Pierrakos, a partir do trabalho de Reich, de quem Lowen foi aluno e cliente. Ele concentrou seu interesse na relação funcional do caráter com a atitude corporal, a couraça muscular que tem a função de proteger o indivíduo de experiências emocionais e impulsos considerados dolorosos ou ameaçadores, provenientes de sua própria personalidade ou do mundo exterior.

A tese de Merleau-Ponty é mais uma vez referendada: cada pessoa é seu próprio corpo, nele está impressa toda a história psicológica do sujeito, nele se revela sua psicodinâmica. Um corpo que traz a memória de emoções e sentimentos, muitos dos quais reprimidos a nível consciente. A psicodinâmica, tendo uma correspondência corporal, possibilita uma interpretação que parte da leitura do corpo, da expressividade de seus movimentos, procurando analisar e elaborar o significado das tensões musculares crônicas.

A análise bioenergética pode ser considerada, dentre as abordagens neo-reichianas, aquela que mais busca apoio e respaldo na teoria psicanalítica, dando ênfase ao manejo dos processos transferenciais e à interpretação da resistência. Neste sentido, propõe-se conjugar o trabalho corporal que busca propiciar um contato maior com o próprio corpo, sensações,  sentimentos e conteúdos de memória; com o processo analítico, que tenta elaborar estes conteúdos tendo como referência a história do sujeito. É através de vivências que se permite “relembrar, repetir, elaborar”.

Percebendo o organismo enquanto unidade comunicante, tenta-se captar qual a sua forma de ser e estar no mundo, como se protege, qual sua capacidade de contactar e expressar suas emoções, e como estas singularidades articulam-se com esta história de vida. Uma das tarefas da psicoterapia em análise bioenergética seria resgatar essas memórias, poder expressar os sentimentos a elas vinculados e integrar seu conteúdo à personalidade.

“A análise bioenergética trata fundamentalmente de cuidar dos vínculos e do contato, e portanto dos afetos (…) Através da leitura corporal e da compreensão da história individual, devemos perceber como esse paciente vive, age, sente, se defende, seu estar no mundo. Partindo de exercícios de respiração ou movimentos específicos, utilizando pois o sensório, bem como a percepção interna como ponto de identidade, de identificação de si, trazemos aqueles temas para o aqui e agora, procurando que o corpo volte a ter sua espontaneidade original perdida, com suas expressões adequadas de sentimentos, de pensamentos através da fala e de movimentos através da ação.”

Lowen circunscreve a ênfase reichiana na sexualidade:

“A sexualidade foi e é a chave de todos os problemas emocionais, mas os distúrbios de funcionamento sexual só podem ser compreendidos, de um lado, a partir da estrutura total da personalidade e, de outro, dentro da estrutura das condições da vida social. (…) não existe apenas uma saída que desvende todos os mistérios da condição humana. (…) penso em termos de polaridades e de seus inevitáveis conflitos e soluções temporárias. Uma visão da personalidade que vê o sexo como única chave para a personalidade é por demais restrita, mas ignorar o papel do sexo na determinação da personalidade do indivíduo é desprezar uma das mais importantes forças da natureza”. [14]

Para ele, a maior contribuição de Reich foi o estatuto que deu ao corpo em sua teoria da personalidade. [15]

Em sua abordagem, Lowen propõe uma alternância entre a mobilização e estimulação da agressividade do sujeito, facilitando o contato e a entrega aos seus sentimentos sexuais; e uma atitude de entrega, propiciando o contato com sentimentos de tristeza e raiva, dor e frustração experimentados no próprio corpo, carregado de sentidos e imagens, de memórias e histórias.

Trabalhando com seu próprio corpo, desenvolveu as posições e exercícios básicos que propiciavam um maior contato com o corpo e sua vitalidade:

“Desenvolvi a técnica de experimentar com meu próprio corpo tudo que pedia a meus pacientes, (…) não acredito que possamos fazer pelos outros o que não podemos fazer por nós mesmos”.

Foi assim que chegou à postura e ao conceito de grounding, que tornou-se uma característica da abordagem bioenergética: a vitalidade das pernas, a entrega da cabeça, a respiração profunda, a sensação de proximidade com o solo; o contato com a realidade, tempo e espaço em que se situa, com o seu corpo e sua sexualidade. “A vida de um indivíduo é a vida de seu corpo.”

“No grounding, encontramos o nosso esqueleto e com ele o arcabouço de sustentação da bacia com os membros inferiores. Para identificar-se com seu próprio corpo, com sua animalidade, tomar posse de sua sexualidade e orientar-se para o prazer, é preciso que a pessoa esteja com os pés no chão, tendo seu lugar, sendo alguém. (…) não apenas como metáfora psicológica mas fundamentalmente como ancoragem concreta do self. (…)

grounding se aprende brincando, através de uma relação, com o útero, com o colo, consigo, com Gaia, com o outro. O grounding é auto-possessão. (…) é a base do prazer, da graciosidade, do contentamento e do orgasmo. (…) representa nossas raízes. A base do passado em que se apoia o presente para dar o salto para o futuro. (…) é o conjunto de nossas crenças, valores, princípios, background genético, raça e base cultural. (…) é formador do núcleo de confiança básica.” 

Nesta pesquisa através do próprio corpo, a bioenergética utiliza recursos no sentido de um reencontro com o corpo, sua vitalidade, sua sexualidade, respiração, movimento, sentimento, auto-expressão. “O prazer e a satisfação são o resultado imediato das experiências de auto-expressão.” Através de processos de carga e descarga, procura-se “aumentar o nível de energia do indivíduo, liberar sua auto-expressão e restaurar o fluxo de sentimentos do seu corpo (…) a ênfase é dada sempre à respiração, ao sentimento e ao movimento, aliada à tentativa de relacionar o funcionamento energético atual do indivíduo com a história de sua vida”.

Nesta pesquisa através do próprio corpo, a bioenergética utiliza recursos no sentido de um reencontro com o corpo, sua vitalidade, sua sexualidade, respiração, movimento, sentimento, auto-expressão. “O prazer e a satisfação são o resultado imediato das experiências de auto-expressão.” Através de processos de carga e descarga, procura-se “aumentar o nível de energia do indivíduo, liberar sua auto-expressão e restaurar o fluxo de sentimentos do seu corpo (…) a ênfase é dada sempre à respiração, ao sentimento e ao movimento, aliada à tentativa de relacionar o funcionamento energético atual do indivíduo com a história de sua vida”.

Nesta elaboração emergem as forças e conflitos internos que impedem o indivíduo de poder contar com todo o seu potencial energético. A resolução destes conflitos permite um aumento do nível de energia disponível para a sua realização, de seu prazer e satisfação.

Para Lowen, a psicanálise apresenta uma precariedade em sua técnica, ao não considerar o corpo diante dos conflitos psíquicos e emocionais. A palavras e as idéias são insuficientes para promover a transformação necessária, limitando-se muitas vezes à um auto-conhecimento intelectual.

“O conhecimento se torna  compreensão quando aliado ao sentimento. Apenas uma profunda compreensão, aliada a um forte sentimento, é capaz de modificar padrões estruturados de comportamento.”

Ter consciência do próprio corpo seria, assim, a única maneira de realmente descobrir quem se é. Muitas vezes, o medo impede de percebermos ou experimentarmos determinados sentimentos que, por tornarem-se ameaçadores, passam a ser suprimidos, através de tensões musculares crônicas que impedem o fluxo de sensações e movimentos.

Esta supressão dos sentimentos diminui a sensibilidade e responsividade do corpo, assim como a capacidade de concentração mental:

“nossas mentes estão basicamente preocupadas com a necessidade de ter controle às custas de ser e estar cada vez mais vivo. (…) A vida do corpo é sentimento: sentir-se vivo, vibrante, bem, excitado, furioso, triste, alegre e, finalmente, contente. É a falta de sentimentos ou a confusão acerca deles que traz as pessoas à terapia”.

O objetivo da terapia bioenergética é conjugar a promoção da auto-expressão, da sexualidade e vitalidade da pessoa, ao mesmo tempo, incentivá-las a abdicar do poder e controle sobre o seu corpo em prol da graça, da espontaneidade e da espiritualidade do corpo.

Este processo só pode se dar através de um suporte relacional pois o estabelecimento do vínculo é fundamental. A psicanálise parte do presente para o passado, da periferia para o centro. Na abordagem da análise bioenergética o encaminhamento é similar, através do trabalho a partir do emergente.

3.2 – Biossíntese:

A biossíntese é um método de psicologia somática desenvolvido por David Boadella a partir dos trabalhos de Reich e dos neo-reichianos Alexander Lowen (bioenergética) e Gerda Boysen (biodinâmica); do processo formativo e a anatomia emocional de Stanley Keleman; da abordagem da experiência pré-natal de Francis Mott e Otto Rank; e dos estudos de Frank Lake sobre a relação mãe-filho, a partir de Melanie Klein.

A biossíntese parte da existência de três correntes fundamentais no corpo humano, associadas às três camadas de células germinativas que diferenciam-se ao longo do desenvolvimento fetal, dando origem aos distintos sistemas de órgãos.  

A camada mais interna, o endoderma, que origina as vísceras e os órgãos dos aparelhos digestivo e respiratório, recebe os fluxos da vida emocional no interior do organismo. O mesoderma, que toma a forma de ossos, músculos e sangue, é a camada por onde se expressam os fluxos de movimentos. O ectoderma, que vai gerar a pele, os órgãos sensitivos, o cérebro e os nervos, é o caminho dos fluxos perceptivos, de pensamentos e imagens que transitam pelo sistema nervoso e sensorial.

É comum que os conflitos entre as necessidades do indivíduo e as exigências do mundo externo desequilibrem o organismo, alterando a integração funcional destas três camadas e criando desconexões entre movimento, sentimento, percepção e  pensamento.

Estas desconexões têm uma correspondência somática: entre a cabeça (percepção e pensamento) e a coluna (movimento), a nuca seria um ponto de interligação; entre a cabeça e o tronco (sentimento), a garganta; e entre a coluna e os órgãos internos (emoção), o diafragma.

O trabalho terapêutico está voltado para a reintegração destas camadas, órgãos e funções, através do reequilíbrio da respiração e do centramento emocional; do balanceamento do tônus muscular e no enraizamento da pessoa; do aprimoramento da capacidade de lidar com as experiências vividas, pelo contato e comunicação.

A este trabalho de integração entre ação, sentimento e pensamento (considerado como outer ground), junta-se o trabalho a nível do inner ground, da expressão essencial da pessoa,

“reconhecendo que o trabalho psicossomático abre conexões para além do físico, e que o desenvolvimento espiritual é impossível sem que antes se trabalhe os bloqueios somáticos e as distorções caracterológicas do falso self.

Em sua aproximação embriológica ao caráter, Boadella sugere a existência de uma primeira zona erógena, correspondente à fase intra-uterina: a totalidade da superfície do corpo, que obviamente continua a se destacar durante a primeira infância.

“Este precoce período de desenvolvimento, ainda mais importante que o oral em seu poder de formar ou interromper o sentido primário da identidade (…) os olhos, o nariz e as orelhas são extensões sensoriais especiais da pele, e são cruciais na formação de limites.”

A finalidade da terapia não deve ser acabar com os padrões defensivos, fixados pela couraça caracterológica. Ficar sem defesas seria reduzir as chances de sobrevivência. O objetivo é poder usar suas defesas a seu favor, como, quando e onde precisar.

É importante destacar que, para a biossíntese, os acontecimentos traumáticos que marcam a origem dos problemas emocionais é retardado do princípio da linguagem (como na perspectiva psicanalítica), passando pelo primeiro ano de vida (Melanie Klein), para se defrontar com a vida intra-uterina e neo-natal (Frank Lake e Otto Rank): “a recepção recebida do mundo pós-natal gera em nós uma ressonância à nossa adoção pelo nosso mundo pré-natal”.

O afeto da pele fetal, descrito por Mott, mostra a sensibilidade do feto às sensações de tensão e desconforto da mãe, que podem ser comunicadas em algum nível, assim como sentimentos de rejeição, culpa ou hostilidade. O feto é sensível tanto aos distúrbios de sua existência (pressões mecânicas, sons agudos, vibrações intensas) quanto àqueles que atingem inicialmente a mãe.

O nascimento, por sua vez, é um acontecimento que pode determinar profundas características da personalidade. Pelo menos quatro transições distintas podem ser vivenciadas como expansão agradável ou como choque catastrófico. A primeira é a transição sensorial: da escuridão para a luz, dos sons diluídos pelo amortecimento dos líquidos aos que atingem diretamente o tímpano, a diferença de temperatura é efetiva e os processos que a regulam tardam a se tornarem eficientes, fazendo com que as primeiras experiências de contato da pele sejam marcantes.

A segunda transição é circulatória e respiratória. Se o cordão umbilical não for cortado antecipadamente, antes de parar de pulsar, haverá um duplo choque. Caso contrário esta transição poderá ser menos traumática.

A terceira transição é gravitacional: a sensação de gravidade, sem um suporte seguro, relaciona-se com a experiência de queda.

“O medo de cair leva a uma contração do organismo, ao \’congelamento\’ das sensações fluidas e das correntes agradáveis do corpo, e imprime na criança reflexos primitivos de susto, que são a base de todos os padrões neuróticos de tensão.”

A quarta transição importante é a alimentar: se o bebê recebe uma amamentação satisfatória demonstrará uma resposta corporal plena, o reflexo de sugar transforma-se em tremores por todo o corpo, tal como um “orgasmo oral”. “A união com o seio é um processo ativo e receptivo – capaz de assentar a base para os contatos da vida futura.”

“Se o enraizamento básico de uma pessoa no mundo é traumatizante, de forma que os órgãos de contato se expandem hesitantemente, a base de segurança no mundo, o próprio corpo ou o corpo de outros, é prejudicada, enfraquecida ou destruída. (…) Antes do nascimento da linguagem, antes que qualquer palavra seja proferida, o senso básico de identidade, ou a falta dele, já está formado. Ele flui da matriz das pulsações umbilicais, que cessam quando o cordão é cortado e são substituídas pelos ritmos da respiração e da amamentação. Ele surge através do contato da pele com outra pele, que substitui o movimento do líquido uterino (…) nasce dos movimentos espontâneos do corpo, (…) é moldado pela tensão e pelo relaxamento dos músculos em resposta à gravidade.”

3.3 – Biodinâmica:

A psicologia biodinâmica de Gerda Boyesen desloca o trabalho sobre as couraças musculares, privilegiando intervenções suaves sobre a couraça visceral. Parte do ponto de vista de que é possível dissolver a neurose trabalhando diretamente sobre o corpo, de modo a influenciar o sistema vegetativo. Para ela, o ser humano vivencia um ciclo periódico de carga – expressão – descarga – descanso.

Completar o ciclo permite um descanso profundo, auto-regulador e auto-regenerador. A neurose constitui-se exatamente num bloqueio em determinado ponto deste ciclo, que através das tensões cotidianas, torna-se cada vez mais limitado. E são os resíduos destas tensões bloqueadas e não dissolvidas que formam a couraça visceral, a energia estagnada acumula fluidos e substâncias químicas: “fluido atrai energia e energia atrai fluido. (…) sempre que existiam sintomas nervosos ou psicossomáticos, existia excesso de fluido“. [29]

O recurso fundamental da terapia biodinâmica é a massagem. Através de toques ritmados e sutis, procura-se estimular a atividade peristáltica, responsável pela digestão dos alimentos e, para Boyesen, também pela digestão das tensões emocionais acumuladas. Há vários tipos de técnicas de massagem, cada uma com indicação específica, dependendo da fase do ciclo em que a pessoa se encontra, sua estrutura egóica e caracterológica e seu momento no processo terapêutico.

Através da relação terapêutica, busca-se contatar a personalidade primária do cliente, um contato com seu eu essencial ou profundo, a partir do qual poderá se desenvolver enquanto pessoa. A meta é acompanhar o cliente em sua própria jornada de auto-conhecimento e crescimento: “a personalidade primária dirige-se à plenitude atualizando o que é potencial”.

A massagem é efetuada tendo como instrumento acessório, um estetoscópio, de modo a acompanhar a evolução dos sons peristálticos que conformam uma verdadeira linguagem para os terapeutas desta abordagem. Através do contato com a pele, procura-se estimular a digestão, a respiração, a circulação, visando atingir um equilíbrio entre os sistemas simpático e parassimpático.

Ativando a peristalse, que Gerda denomina psicoperistalse, busca-se alcançar um estado de profundo bem-estar e prazer consigo mesmo, de sentir-se vivo. Este estado desarma a necessidade da defesa neurótica, desmanchando a couraça. Deveria ser um estado alcançável normalmente através do descanso e do sono, mas o acúmulo de tensões formando as couraças torna mais complexa esta atividade auto-regeneradora que passa a necessitar de um impulso desbloqueador.

“Compreendi que não há nada mais primitivo do que o canal alimentar. Pareceu-me natural que o tubo digestivo estivesse em primeiro lugar, o lugar privilegiado da circulação da energia instintual. (…) Há quatro vias de descarga no canal alimentar, que é também o canal primitivo de circulação da energia instintual. Duas vias ascendentes, que são a reação emocional pelo grito (via forte) e a palavra (via suave); e duas vias de descarga descendentes, uma sendo a diarréia (via forte) e a outra… (… o organismo) tem seu próprio mecanismo de regulação e de eliminação da tensão nervosa: o psicoperistaltismo. O canal instintual, emocional, o canal do \’isto\’ é também a via da dissolução, do derretimento da energia emocional.

(…)Descobri que o corpo tem seu próprio mecanismo natural de eliminação e de regulação. O psicoperistaltismo tem como função dissolver e eliminar a tensão nervosa. (…) um mecanismo funcionando de maneira totalmente automática para eliminar os resíduos do estresse.

(…) o peristaltismo acompanhava o movimento interior de prazer, de contentamento consigo, de gratificação e de realização de si. Descobri que havia dois tipos de tensão que podiam impedir o bom funcionamento do peristaltismo: o primeiro tipo era concernente aos múltiplos conflitos antigos recalcados, e o segundo, aos efeitos do estresse cotidiano sobre o organismo. Na terapia, nós praticávamos principalmente a massagem e desencadeávamos o psicoperistaltismo de modo a eliminar os antigos conflitos. A auto-regulação consiste na prática diária da abertura do peristaltismo que permite dissolver as tensões do dia.”

3.4 – Psicologia Formativa:

Stanley Keleman enfatiza que sua formulação baseia-se na experiência vivenciada e não num constructo teórico de idéias. Procura pensar o ser humano, o corpo, como um processo contínuo de eventos seqüenciais, organizado no tempo.

Para Keleman, não existe a transferência, o que existe é a relação real, pessoa a pessoa. Em Realidade somática [33] , explicita a grande influência que o existencialismo e a fenomenologia tiveram sobre ele – através de autores tais como Bergson, Heidegger, Merleau-Ponty, valorizando o contato imediato com o real -, além da visão energética e biológica.

Não existe uma dualidade entre mente e corpo. Este é apenas um conceito, não ainda uma experiência. Importa se perguntar como vivemos e experienciamos a vida no corpo e não como esta é descrita pela mente.

O processo formativo é a possibilidade que temos de organizar um corpo herdado, na tarefa de torná-lo um corpo pessoal, adaptando-o à própria existência. A condição humana transcende a herança biológica, o tipo constitucional, assim como o determinismo social. É o modo de lidar com estes dois pólos que caracteriza a pessoalidade. Como meu corpo torna-se a expressão individual de quem sou, e esta é uma possibilidade volitiva. Corpar é dar corpo à, criar seu corpo pessoal, sua identidade e subjetividade somática de dentro para fora.

O foco é na forma, e forma é função. Um resgate do biológico, constitucional, não determinante mas condicionante e relacional. É a forma que gera os padrões de pensar, agir, sentir. Por isso, evoca-se sempre a forma, o modo de organização da experiência, e não o sentimento, o pensamento, as lembranças.

Não basta trabalharmos nos níveis muscular e emocional; precisamos modificar padrões e, para isto, é necessário rearticular as camadas superiores e inferiores do córtex, de modo a contatar as formas de organização da estrutura, padrões de conduta, afetivos e cognitivos. Só assim poder-se-á perceber quais os caminhos de organização – e, portanto, os de desorganização também – de modo a poder formar, des-formar e re-formar as formas que foram sendo organizadas, consciente e inconscientemente, ao longo da vida.

“Realidade somática nos mostra que organizações somáticas são formas corporais, padrões de organização corporal. A forma corporal sendo construída por afetos, percepções e imagens é geradora destes simultaneamente. A forma corporal moldada pela experiência e geradora de experiência condensa fluxos naturais e sociais por período variados. A forma corporal gera estilos de vida e é gerada por estes, acompanhando o ritmo dos múltiplos corpos que se sucedem num continuum ao longo de nossa vida.

(…) Keleman nos independentiza das categorias freudianas, abrindo-nos a possibilidade de perguntarmos sempre “como?” diante dos processos e nunca “por quê?”.

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Porque os bebês choram?

David B. Chamberlain

Os bebês têm chorado por séculos no momento de seus nascimentos, mas nós temos relutado em aceitar seus gritos como expressões válidas de dor, que serão registradas em suas memórias. Apesar das várias evidências, a reação característica de psicólogos, médicos e parteiros em relação à dor do bebê é negá-la. Mitos sobre o cérebro têm suprido a base racional para o procedimento doloroso. Contra esse pano de fundo, estudos sobre o choro do bebê provam que o choro é significativamente uma comunicação. Exemplos de choros pré-natais e perinatais foram examinados. A seção final aborda a dor na sala de parto e no berçário e conclui com um apelo para que todos os procedimentos dolorosos impostos ao recém-nascido sejam reconsiderados.

Minha neta Bevin, de dois anos de idade, enquanto conversava sobre sua experiência de nascimento, perguntou a seus pais: “Por que eles me cutucaram com uma coisa?” Sua mãe lhe perguntou: “Que coisa?” “Uma coisa como um lápis”, ela respondeu, “Eles me machucaram”. Ela estava provavelmente se referindo à agulha usada para tirar amostras de sangue dos recém-nascidos na maternidade. Bevin se lembrava da dor. Brenda, de 29 anos, quando hipnotizada, teve a seguinte memória dolorosa da sala de parto: “Agora ela está me arrancando das mãos do médico e me deitando nessa balança de metal fria, gelada, horrivelmente dura. É tão reto e duro nas minhas costas. E eu estou gritando porque dói muito! Dói tanto estar nessa coisa dura… Eu grito mais e mais e ninguém vem. Alguém pôs alguma coisa nos meus olhos! Está tão frio, me arde, queima… Eu ainda estou gritando… O mais alto que posso gritar!”

Tais informações pessoais sobre a dor no nascimento são novas. Será que nós ousamos acreditar nelas? Os bebês têm chorado no nascimento por séculos, mas nós temos tido dificuldade em dar significado ao seu choro. Um choro vigoroso na sala de parto é um alívio para ambos, os pais e profissionais, e ocasião para sorrisos. Isso é compreensível, mas não totalmente apropriado. Ao invés de responder ao choro como autêntica comunicação, os profissionais da maternidade têm procedido na direção de causar a dor com a convicção de que ela é meramente reflexiva, devido à imaturidade do cérebro do bebê, e dessa forma a dor não deve realmente importar.

A NEGAÇÃO DA DOR

Por milhares de anos a ignorância tem nos separado de uma compreensão efetiva dos bebês, uma lacuna de informação que tem sido preenchida apenas nas últimas décadas. Antigos preconceitos ainda são visíveis em nossas atitudes em relação às suas idades ou tamanhos – eles se tornam pessoas reais quando são mais velhos ou podem falar. Subestimando a evidência em contrário, ainda persistimos em acreditar que seus sentidos não são suficientemente desenvolvidos e seus cérebros são incapazes de gravar a memória ou de dar significado à experiência. O ceticismo sobre a dor do bebê pode começar a cair por uma ampla revisão da dor e seus efeitos em pré-natais e recém-nascidos, por Anand e Hickey (1987), da Harvard Medical School. Das 200 citações da literatura médica, estes médicos especificam os caminhos anatômicos e os mecanismos de percepção da dor a partir da sétima semana de gestação. Eles apontam para as origens remotas do sistema neuroquímico associado à dor, especialmente a substância P que aparece no cérebro e na medula espinhal na 12ª a 16ª semana.

Endorfinas, o opiáceo corporal para o stress, estão presentes na pituitária fetal antes da 15ª semana. (Um estudo de Facchinetti em 1987 encontrou essas substâncias a partir da 7ª semana de gravidez.) Para aqueles que acreditam que esses opiáceos são suficientes para a dor do nascimento, os anestesistas enfatizam que para uma anestesia efetiva seria necessário um volume milhares de vezes maior de endorfina do que aquele já encontrado em recém-nascidos. Anand e Hickey completam sua revisão destacando o previsível e consistente efeito da dor no sistema cardio-respiratório, nas mudanças hormonais e metabólicas, respostas motoras, expressões faciais, choro e outros comportamentos complexos, incluindo memória de longa duração.

O CHORO É COMUNICAÇÃO

Depois de 25 anos de investigação com tecnologia acústica, nada mais ficou da antiga teoria de que o choro do bebê é simples, despropositado ou indiferenciado. Lester e Boukydis (1985) revisaram diversos achados sobre o choro do bebê. O choro contém informações inesperadas, mas eloqüentes sobre doenças, má nutrição, malformação e outros problemas de crescimento. O choro revela deficiências auditivas e também prova que o feto ouve e aprende um pouco das características da voz da mãe a partir da metade da gestação (Truby, 1965, 1975); também nos possibilita avaliar o grau de ansiedade do bebê (Papousek, Papousek & Koesterer, 1986).

O CHORO PRÉ-NATAL

Estranhamente, o choro audível começa muito antes do nascimento, às 40 semanas. Os primeiros choros gravados são de fetos abortados de 21 a 23 semanas (Humphrey, 1978). Isso significa que um bebê é capaz de chorar desde a metade do tempo que permanece no útero. O choro tem sido ouvido vindo de dentro do útero. Essa condição, vagitus uterinus (literalmente, “berro no ventre”), é rara mas autêntica. Histórias sobre tais berros tem sido contadas desde o antigo Egito, Grécia e Roma. Em 1923, um médico americano, George Ryder, ouviu o som de um bebê chorando após ter aplicado a tração do fórceps. Ouvindo via estetoscópio, seu assistente e enfermeiros disseram que os sons eram “fortes e agudos, muito semelhantes ao miado de um gatinho”. Esse evento nos leva a uma pesquisa literária mundial e à descoberta de vários relatos, em várias línguas: 131 casos entre 1564 e 1941, assinados por 114 autores. As análises desses registros mostraram que o choro estava sempre associado a procedimentos obstétricos. Cerca de 20% dos pré-natais que choraram morreram, indicando a natureza de urgência desses choros (Ryder, 1943). Oito relatos adicionais, publicados desde 1941, não nos deixam dúvidas sobre a expressão da dor e quem ou o que a estava causando: uma mão entrando no ventre e trazendo uma perna, a aplicação de um fórceps, injeção de analgésicos, inserção de um cateter ou a ruptura da bolsa amniótica. Em um caso específico, uma mãe, dois médicos e três parteiras ouviram o choro de um bebê em 5 momentos diferentes num período de 12 horas, antes do início do trabalho de parto (Blair, 1965). Eles descreveram essa experiência como estranha e assustadora.

QUEIXAS PERINATAIS

Os bebês são famosos por seus choros no nascimento. O choro é normal? Alguns bebês não choram e ao invés disso olham fixamente para seus pais, com total concentração. Será que não têm queixas? Os bebês choram quando chegam à sala de parto, muitos graus mais fria do que estavam acostumados no útero. Eles choram quando são esfregados ou lavados, ou quando estão sendo esticados e medidos. Eles reclamam quando recebem injeções (Vitamina K) e colírio nos olhos (antibacteriano). Eles reagem a picadas na pele. O ritmo do choro e os batimentos cardíacos disparam quando são picados para o teste de sangue (Owens & Todt, 1984). Meu cliente, Josh, aparentemente desenvolveu sua fobia por agulhas hipodérmicas no berçário. Foi assim que se lembrou na hipnose: “Eu estou sendo incomodado pela enfermeira. Ela sempre vem, tira minha temperatura e tira sangue. Eu gostaria que ela apenas me deixasse sozinho. A outra coisa que está incomodando é a picada. Aquilo foi o mais doloroso… Eu vejo a enfermeira se debruçando sobre mim. Ela tem essa coisa afiada, com algo dentro. Ela tirou a embalagem e ficou testando se havia bolhas dentro. Ela esfregou meu braço esquerdo com algo e me espetou. Doeu! E eu não estava preparado para aquilo e então fiquei bem tenso e gritei. Isso realmente me incomodou e eu chorei por muito tempo depois.”

Uma outra dimensão de dor, a dor da separação e isolamento, também provoca choro e é um tema comum nas memórias de nascimento. Estudos nos dizem que os recém-nascidos reconhecem seus próprios choros gravados, mostrando autoconsciência. Outros estudos mos-tram quão perceptivos são de outros choros. Bebês choram com e aparentemente por outros bebês (Sagi & Hoffman, 1976). Eles também discriminam choros de bebês com a mesma idade que as suas e de bebês mais velhos, bebês animais e choros simulados por computador. Eles tem uma maior tendência a se identificar com choros de bebês da sua própria idade (Simner, 1971). Os bebês tem choros diferentes quando estão chateados ou famintos. Eles choram após o teste do pezinho (Grunal & Craig, 1987).

O pediatra Peter Wolff, em sua contínua observação de recém-nascidos em seus ambientes familiares, identificou um “choro de dor” e um “choro de raiva” (Wolff, 1969). Em cada lar ele conduziu um experimento gravando esses diferentes choros e percebendo o tempo de resposta das mães e suas atitudes. Ele encontrou uma diferença dramática. Aos “choros de dor” as mães atendiam rapidamente, parecendo bastante preocupadas. Nos “choros de raiva” elas vinham checar, mas não pareciam alarmadas; elas expressavam um tolerante espanto a essa precoce expressão de fúria.

O NASCIMENTO PRECISA SER DOLOROSO?

Alguns psicólogos acreditam que todo nascimento é uma provação dolorosa. Eles atribuem a dor a uma placenta “decadente”, que se torna menos eficiente à medida que o parto se aproxima, à pressão esmagadora sobre a cabeça movendo-se através do canal do nascimento, e finalmente à separação da mãe (Wasdell, 1987). De fato, expressões da dor do nascimento realmente surgem com uma regularidade angustiante em várias formas de psicoterapia experiencial profunda (Grof, 1988; Janov, 1970). Essa dor primal, dita reprimida e inconsciente, não se encaixa facilmente com as expressões pacíficas de alguns rostos recém-nascidos.

Frédérick Leboyer, o famoso obstetra francês, foi um dos primeiros da sua profissão a acreditar que os bebês estavam sentindo, de fato, tanta dor quanto pareciam sentir. Olhos fortemente fechados, sobrancelhas contraídas, berros e contorções, esperneios, punhos cerrados e corpo trêmulo, eram para Leboyer sinais de agonizante sofrimento. Influenciado por essas observações e pelas suas próprias lembranças da dor do nascimento, ele começou a modificar o ambiente do nascimento. À medida em que aprimorava seu método de nascimento sem violência, ele percebia as expressões de terror e tensão desaparecerem.

Outras evidências de que o nascimento não precisa ser doloroso foram reunidas pelo professor de obstetrícia John Lind, em Estocolmo (Lind, 1978). Ele havia assistido milhares de partos e não conseguia acreditar que todos os bebês nascessem dolorosamente. Para confirmar isso ele fotografou 130 bebês nascidos pelo Método Leboyer e encontrou neles poucos sinais de dor ou medo – ao contrário, muitas faces sugeriam curiosidade e grande expectativa. Desde então, relatos de bebês sorridentes após o nascimento na água vêm reforçando a impressão de que o nascimento pode ser prazeroso. Mas o nascimento habitual não é assim. É uma ironia que a “medicinalização” do nascimento o tenha tornado mais doloroso para os bebês.

A partir do parto, os (bem desenvolvidos) sentidos de um recém-nascido são violados de todas as formas. Nos hospitais, o parto natural dificilmente sobrevive à série de bem-intencionadas interferências. A ruptura deliberada de membranas eliminará a cobertura hidráulica que protege a cabeça; a posição litotômica* anulará o efeito da gravidade e dificultará o progresso do parto. As complicações podem ser avaliadas com a implantação de eletrodos no couro cabeludo e através de amostras de sangue retiradas de um corte na cabeça. Se substâncias químicas descontrolaram os processos normais do parto, talvez o bebê precise ser movimentado com força e removido por fórceps. Se essas dores não estiverem presentes, nascer numa sala de parto com ar-condicionado e sob intensa luz, será a primeira de uma série de experiências dolorosas: ser rudemente manuseado, esfregado, medido e pesado; a dor aguda da medicação nos olhos, o trauma da injeção de vitamina e da lanceta no calcanhar. Mesmo um bebê nascido em paz e contente deve ser provocado a chorar a fim de obter um Índice Apgar** adequado.

As dores da sala de parto são normalmente seguidas das dores do isolamento e separação dos pais. Esse exílio pode durar horas. Se estiverem famintos, os bebês terão de esperar; se eles quiserem se mover ou virar, não conseguirão; se eles quiserem ouvir ou ver seus pais, será impossível. Os bebês são retirados de seus pais em nome da saúde, para receberem “os melhores cuidados”. Mas os riscos reais de irem para o berçário envolvem mais do que lágrimas, como sumarizado por Brackbill, Rice and Young, 1985. Os bebês doentes e prematuros, os mais vulneráveis de todos, estão destinados a agüentar as maiores dores. Numa UTI neonatal eles terão de enfrentar os perigos de tentar completar uma gestação num ventre artificial (Kellman, 1980, Lawson, Turkewitz, Platt & McCarton, 1985; Coolmanetal., 1985; Perlman & Volpe, 1983).

Uma ampla revisão do stress ambiental numa UTI neonatal foi realizada por Gottfried & Gaiter, 1985. Estímulos dolorosos incluem altos níveis incessantes de luz e barulho, que por si só podem ser prejudiciais (Glass, Avery, Subramanian, Keys, Sostek & Friendly, 1985; Douek, Bannister, Dodson, Ashcroft & Humphries, 1976; Long, Lucey & Phillip, 1980). Ainda que esses bebês despenderiam a maior parte do seu tempo dormindo, o descanso é impossível nesse ambiente pois eles podem ser incomodados até 132 vezes por dia! Ser virado pode ser um forte puxão. Mesmo estar deitado sobre um colchão achata a cabeça. A dor é o estilo de vida dos bebês em terapia intensiva. Cateteres na artéria umbilical e cateteres em veias são rotineiramente instalados para fornecerem acesso permanente a amostras de sangue, monitorização de pressão e injeção de medicamentos. Outros cateteres são instalados para alimentação. Tubos e máquinas facilitam a respiração. Todos esses procedimentos estão sujeitos a uma multidão de complicações com conseqüências dolorosas. Mesmo o álcool isopropílico utilizado para a desinfecção da pele, antes de injeções ou procedimentos invasivos podem causar queimaduras de terceiro grau em bebês muito imaturos (Peabody & Lewis, 1985).

A dor infantil é emocional e mental, bem como física. Mais difíceis de se medir do que a exposição à luz e ao frio, essas dores aparecem comumente nas memórias de adultos, obtidas através de hipnose. Impressas em nível profundo e inconsciente, elas se manifestam como depressão, fobias, falta de confiança e sentimentos de culpa, requerendo psicoterapia, anos mais tarde (Cheek, 1975; Janov, 1983). A rejeição aos recém-nascidos por suas feições ou sexo, hostilidade por eles causarem dor ou dificuldades financeiras, medos em relação à sua segurança e bem-estar podem criar seu próprio tipo de dor. Mesmo observações verbais transmitidas com intensidade emocional podem ficar profunda-mente registradas e causar repetidos sofrimentos (Chamberlain, 1988). Um exemplo é a mãe que disse ao seu médico: “Por que você não enrola o cordão umbilical em torno do pescoço dela e a estrangula?” A filha disse que “odiava a mãe desde o primeiro dia.” Embora seja difícil explicar a compreensão infantil da linguagem, o efeito doloroso de tais observações freqüentemente aparecem em lembranças hipnóticas do nascimento.

As conseqüências patogênicas na personalidade da criança sugerem a necessidade de um anti-séptico novo e mais elevado que o lavar as mãos que começou com Phillip Semmeleweis há um século e meio atrás. A julgar pelas memórias de nascimento, ambos, pais e profissionais necessitam “lavar” seus procedimentos.

O que nós podemos fazer com a dor e o sofrimento do recém-nascido? Algumas dores podem ser parte de um processo natural que esteja além do nosso controle. Se isso for verdade, nós devemos estar alerta à sua chegada e prover o auxílio que pudermos. Para isso precisamos acabar com o mito de que os bebês não sentem dor. Alguma dor parece inevitável, mas não é. Isso é freqüentemente revelado por mulheres cujo parto foi “fisiológico” ou “natural”: um parto em ambiente familiar, com apoio constante, liberdade para se mover, ficar na posição que se sentir melhor e fazer o som que desejar. Essa liberdade parece diminuir as dores tanto do bebê quanto da mãe. Os nascimentos voltados à família, dentro ou fora dos hospitais, incluindo a opção de trabalho de parto e parto em água quente, reduz o trauma materno e da criança. Nós podemos ver isso estampado no rosto dos bebês. Nós não devemos aceitar que a dor do bebê no parto seja inevitável.

Uma responsabilidade muito pesada recai sobre os profissionais que tornam o parto doloroso para os recém-nascidos. Aqui nós confrontamos não a dor da natureza, mas a dor criada pela ciência, pela obstetrícia e pela psicologia. Nós ainda estamos escravizados pelos mitos populares de que os bebês não sentem, não pensam, não lembram e não têm percepção de si mesmos. A verdade sobre as capacidades dos recém-nascidos, vislumbradas na descoberta científica das duas últimas décadas, nos deixam prontos para escandalosamente insistir que os rituais de dor são desumanos e desnecessários. Aqui nós nos deparamos com a inércia cultural entre aquilo que sabemos e aquilo que fazemos.

Todos os procedimentos dolorosos do nascimento devem ser reconsiderados e novas alternativas pacíficas devem ser procuradas. Quantos anos ainda de dores desnecessárias os recém-nascidos terão de suportar? A resposta talvez dependa de quem assuma a responsabilidade. Será que os obstetras, como um grupo, conscientemente inventariam uma nova forma de lidar com os bebês? Alguns profissionais já estão realizando isso, mas criar novos padrões para a prática profissional demandará um esforço dedicado. Essa nova abordagem afetaria o treinamento dos obstetras assim como a prática da obstetrícia, representando melhorias acontecendo em várias áreas ao mesmo tempo. Os próprios pais podem ser os guias para uma nova era de nascimentos, estabelecendo novos padrões de tratamento para os bebês. Afinal, de quem são esses bebês? Os pais sempre têm a vantagem de poder fazer o primeiro movimento – como consumidores, são eles que decidem onde vão ter o bebê e quais profissionais vão contratar. A presente situação é um teste para descobrirmos se os pais ou os profissionais podem reagir mais rapidamente às nova informações.

David B. Chamberlain
Pre and Perinatal Psychology Journal
Summer, 1989

* Posição na qual as coxas ficam flexionadas sobre a barriga e as pernas flexionadas sobre as coxas.

** O Índice Apgar é em última análise uma avaliação da oxigenação do recém-nascido. É um sistema de pontos que leva em consideração o tônus muscular, a freqüência cardíaca, a intensidade do choro, etc.

Reproduzido de Instituto de Renascimento de São Paulo com autorização de
Khalis Chacel e Tárika Lima

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Porque Fazer Terapia?

Liliane Dias Barbedo

Percebo que existe um desconhecimento, de um modo geral, por parte das pessoas, sobre o que é um processo terapêutico ou, como chamam mais freqüente e equivocadamente, análise.

Para começar, vamos estabelecer a diferença entre o psicólogo, o psiquiatra, o psicoterapeuta, o analista e o terapeuta:

– O psicólogo é aquele que fez um curso de nível superior em Psicologia; pode atuar em escolas, organizações, consultórios particulares, clínicas e hospitais.
– O psiquiatra é um médico cuja especialização foi feita em Psiquiatria. Geralmente, atua em clínicas e hospitais psiquiátricos e sua clientela mais freqüente é formada pelos portadores de transtornos psíquicos. Está habilitado a prescrever medicamentos.

– O psicoterapeuta é qualquer profissional de nível superior que faz uma formação, geralmente não acadêmica, com duração de três a quatro anos, em uma corrente de psicoterapia. Podemos citar a psicoterapia transpessoal, junguiana, gestáltica, em bioenergética, dentre outras.

– O analista ou psicanalista é aquele que possui nível superior em qualquer graduação e faz uma formação em Psicanálise, além de submeter-se a uma análise pessoal com um psicanalista já atuante.
– O terapeuta é um profissional de nível médio ou superior, que faz uma ou mais formações nas chamadas terapias alternativas. São estas: o reiki, a cromoterapia, a regressão, a naturopatia, a acumpuntura, a massoterapia, os florais, a iridologia, dentre outras.

Posto isto, vamos à pergunta: porque fazer psicoterapia?

Eu diria, com muito entusiasmo: para aumentar as chances de ser feliz! Isso mesmo! Se você se conhece, se vai mergulhando cada vez mais nessa jornada fascinante para dentro de si mesmo, suas escolhas passam a ser mais coerentes sobre quem você realmente é. Você começa a descobrir o que é seu e o que é do outro, quais crenças e desejos são dos seus pais, da cultura a que pertence ou da sociedade, de modo geral. O que você quer manter e o que quer mudar. 

Uma outra razão, é a possibilidade de identificar e comunicar, com clareza, emoções ou sentimentos. Quantos de nós (quase todos!), em função de um processo educativo castrador e repressivo, não têm dificuldade em entrar em contato com a raiva, o medo, a inveja? Ou ainda, de chorar, expressar amor, carinho e ternura? Quantas brigas surgem por não termos clareza do que sentimos e por não comunicarmos nossa emoções (ou o fazermos de forma equivocada)? Quantos casais se desentendem porque o homem quer o prazer através do sexo e a mulher deseja carinho, afago? Porque não poder pedir o que se necessita e dar ao outro o que ele pede?!

Para isso é preciso saber primeiro o que se quer; é necessário reconhecer necessidades físicas, emocionais, mentais e espirituais e o meio de atendê-las. 

E como esse auto-conhecimento acontece no processo terapêutico? É no vínculo, na relação que se estabelece entre o cliente e o psicoterapeuta, que isso ocorre. Este último funciona como um espelho em que a pessoa se reflete. Ele não dá conselhos, não sugere, não resolve os problemas do outro. Escuta, questiona, acolhe, apóia, conforta e, porque não dizer, é amorosamente compassivo.

Técnicas são utilizadas para investir, esclarecer, trazer novos ângulos, mas elas são recursos auxiliares. É no âmago da relação que a cura acontece e ela não é unilateral; se dá em ambas as partes. Sim, o psicoterapeuta também cresce, amadurece, se modifica com o processo terapêutico de seus clientes. Acho que já está bem difundido o conhecimento de que a dualidade é uma ilusão e que tudo se inter-relaciona no Universo. Então, como o crescimento se daria em um só lado?!

Existem diferentes abordagens psicoterapêuticas e todas elas dão sua contribuição para o crescimento do indivíduo. Cabe a cada um se informar e buscar aquela linha com que mais se afina, assim como é possível também experimentar diferentes abordagens ao longo de um caminho terapêutico. Pessoalmente, acredito que há ciclos na vida da pessoa que convidam a este ou àquele profissional, a esta ou àquela abordagem.

Para finalizar, é imprescindível que qualquer profissional que trabalhe com o crescimento humano tenha o seu próprio processo de auto-conhecimento. Como alguém pode cuidar do outro se não cuida de si mesmo?!

Portanto, mova-se! Busque-se, investigue-se, “conheça-te a ti mesmo” como disse Sócrates. Embarque nessa fantástica jornada em busca de si mesmo. Ela é fascinante, pode apostar! E libertado.

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Pensamentos

“Gente é para brilhar, não para morrer de fome.” Caetano Veloso

“Se crês que algo te pertence, deixa-o escapar. Se volta é que sempre foi teu. Mas se não volta é porque nunca o foi.” Virosta

“Como o sol, a loucura tem sua órbita.” Sheakspeare

“Pilhas e pilhas e pilhas de artigos sobre traumas, abuso físico e dor, mas quase nada, sobre o contato físico saudável.” Ornstein & Sobel

“A própria Física nos mostra a existência de uma racionalidade no universo. De modo que não há necessidade da consciência ser necessariamente uma coisa ligada ao homem.” Mário Schemberg

“O mundo é composto por duas grandes classes: Aqueles que possuem mais comida que apetite e os que tem mais apetite que comida.” Chamfort

“To mais pros guris, que pros gurus.” Milton Aguiar

“Qualquer um pode simpatizar com as penas de um amigo. Simpatizar com seus êxitos requer uma natureza delicadíssima.” Oscar Wilde

“Para aplicar a pena de morte, a sociedade deveria ostentar a autoridade de não ter contribuído em nada para fabricar esse criminoso.” Evaristo de Moraes Filho

“Não ter vícios não ajuda em nada a virtude.” M. Machado

“Se as coisas são inatingíveis… ora, não é motivo para não querê-las… Que tristes os caminhos se não fora a mágica presença das estrelas.” Mário Quintana

“Todas as teorias são legítimas e nenhuma tem importância. O que importa é o que se faz com elas.” Jorge Luis Borges

“Não se preocupe em entender. Viver ultrapassa todo o entendimento.” Clarice Lispector

“Aprendi a reconhecer o fato de que é a tua doença emocional que te destrói minuto a minuto, e não qualquer poder exterior. Há muito que terias suprimido os tiranos se estivesses vivo e sadio no teu intimo.” W. Reich

“Tinha o tempo que você sentia. E sentir era a forma mais sadia de saber. E você nem sabia.” Alice Ruiz

“Só um palpite: Dando tudo errado, grite.” Ulisses Tavares

“Antes de começar o trabalho de modificar o mundo, dê três voltas dentro de sua própria casa.” Provérbio Chinês

“O mistério não é um muro onde a inteligência esbarra, mas um oceano onde ela mergulha.” Gustav Thibon

“Há tanta suavidade em nada dizer, e tudo entender.” Fernando Pessoa

“Há quem passe pelo bosque e só veja lenha para a fogueira.” Tolstói

“Nossa alma é, frequentemente, um campo de batalha onde nossa razão e nosso juízo combatem contra nossa paixão e nosso apetite.” Gibran

“Ultimamente, quando um indivíduo abre a porta do carro para sua mulher, ou é um carro novo, ou uma mulher nova.” Philip, Príncipe da Inglaterra

“Quando você quer alguma coisa, todo o Universo conspira para que você realize o seu desejo.” Paulo Coelho

“Divergências de opiniões não devem jamais ser motivos para hostilidades; se fosse, eu e minha mulher seríamos inimigos jurados um do outro.” Gandhi

“É preciso correr riscos, seguir certos caminhos e abandonar outros. Nenhuma pessoa é capaz de escolher sem medo.” Paulo Coelho

“Experiência não é o que aconteceu com você, mas o que você fez com o que aconteceu.” Aldous Huxley

“O corpo não é uma máquina como nos diz a ciência. Nem uma culpa como nos faz crer a religião. O corpo é uma festa.” Eduardo Galeano

“É engraçado a força que as coisas parecem ter quando precisam acontecer.” Caetano Veloso

“Se você não está interessado em transformar a sua vida, você está desnecessariamente perdendo o seu tempo aqui.” Osho

Cada pessoa, todos os fatos de sua vida ali estão porque você os pôs ali. O que fazer com eles cabe a você resolver. 

Não existe um problema que não ofereça uma dádiva para você. Você procura os problemas porque precisa das dádivas por eles oferecidas. 

“Valorize suas limitações e, por certo, não se livrará delas” 

“O que a lagarta chama de fim do mundo, o mestre chama de borboleta.” 

“O homem é um sucesso se pula da cama de manhã e vai dormir a noite, e nesse meio tempo, faz o que gosta.” Bob Dylan

“Os que fazem amor, não estão fazendo apenas amor: estão dando corda ao relógio do mundo.” Mário Quintana.

“Alô, aqui é do céu, quem ta na linha é Deus. To vendo tudo esquisito. O que é que há com vocês?” Raul Seixas.

“O João-de-barro não faz casa para alugar. O elefante é fortão, mas não faz guerra. O leão não ataca sem fome. Depois, o único bicho inteligente é o homem!!!” Ulisses Tavares.

“Só há amor quando não existe nenhuma autoridade.” Raul Seixas.

“Os loucos e as crianças são os únicos que dizem a verdade; os loucos são aprisionados e as crianças educadas.” Grafiti de Montividéo

“Gostar daquilo que você faz e sentir que é importante. O que pode ser mais divertido?” Katherine Grakiam

“A pulsação do mundo é o coração da gente. O coração do mundo é a pulsação da gente.” Milton Nascimento

“As pessoas são doentes porque são incapazes para o prazer.” Wilhem Reich

“Carinho. Não há quem não goze com uma boa dose.” Mario Prata

“A moralidade preocupa-se com ideais – como você deveria ser, o que você deveria ser. A moralidade, portanto, apóia-se basicamente na condenação. Você nunca é o ideal, portanto você é condenado. Toda a moralidade é criadora de culpas. Você nunca pode tornar-se o ideal; está sempre um passo atrás. E através da moralidade isto se torna impossível. O ideal está no futuro e você se encontra aqui, do jeito que você é. No entanto, você continua comparando. Você nunca é o homem perfeito; sempre está faltando algo. Então você se sente culpado, você sente uma auto-condenação.” Osho

“- Outro dia lhe falei de um dos maiores segredos da magia: a Outra Parte. toda a vida do homem sobre a face da Terra se resume a isto – buscar a Outra Parte. Não importa se ele finge correr atrás da sabedoria, do dinheiro, ou do poder. Qualquer coisa que ele consiga vai estar incompleta se, ao mesmo tempo, ele não conseguir encontrar sua Outra Parte. “Com exceção de algumas poucas criaturas que descendem dos anjos – e que precisam da solidão para o seu encontro com Deus – o resto da humanidade só conseguirá a União com Deus se, em algum momento, em sua vida, conseguiu comungar com sua Outra Parte.” Brida

“Tudo é um entre um milhão de caminhos. Portanto, você deve sempre manter em mente que um caminho não é mais do que um caminho; se achar que não deve segui-lo, não deve permanecer nele, sob nenhuma circunstância. Para ter uma clareza, é preciso levar uma vida disciplinada. Só então você saberá que qualquer caminho não passa de um caminho, e não há afronta, para si nem para os outros, em largá-lo se é isso o que seu coração lhe manda fazer. Mas sua decisão de continuar no caminho ou largá-lo deve ser isenta de medo e de ambição. Eu lhe aviso.

Olhe bem para cada caminho, e com propósito. Experimente-o tantas vezes quanto achar necessário. Depois, pergunte-se, e só a si, uma coisa: Esse Caminho Tem Coração? Se tiver, o caminho é bom; se não tiver, não presta. Ambos os caminhos não conduzem a parte alguma; mas um tem coração e o outro não. Um torna a viagem alegre; enquanto você o seguir, será um com ele. O outro o fará mal dizer sua vida. Um o torna forte; o outro o enfraquece.”

Todos os caminhos são os mesmos, não conduzem a lugar algum.(…) Don Juan

Antes de me organizar, tenho que me desorganizar inteiramente. Para experimentar o primeiro e passageiro estado primário de liberdade. Da liberdade de errar, cair e levantar-me. Mas se eu esperar compreender para aceitar as coisas – nunca o ato de entrega se fará. Tenho que dar o mergulho de uma só vez, mergulho que abrange a compreensão e sobretudo a incompreensão. E quem sou eu para ousar pensar? Devo é entregar-me. Como se faz? Sei porém que só andando é que se aprende a andar e – milagre – se anda. Clarice Lispector

Quando Pedro me falou de Joaquim, Sei muito mais sobre Pedro Do que sei de Joaquim. Sigmund Freud

É mais importante saber que tipo de pessoa tem uma doença Do que saber que tipo de doenças a pessoa tem. Hipócrates

É sempre fácil obedecer Quando se sonha comandar. Jean Paul Sartre

Ovelha negra, eu? Negra talvez… Ovelha jamais !!! Poema de Ane

“Acredito que nos tornamos uma nação de sobreviventes tão temerosos de doença e morte que somos incapazes de viver como um povo livre.” Alexander Lowen

“Não basta libertar o homem de sua miséria econômica. É necessário também libertá-lo de sua miséria afetiva, de sua pobreza criativa e de sua incapacidade de desfrutar o prazer de viver.” Rolando Toro

Somente a idéia da morte torna o homem suficientemente desprendido para ser capaz de se entregar a qualquer coisa. Um homem assim, porém, não tem anseios, pois adquiriu um amor calado pela vida e por todas as coisas da vida. Sabe que a morte o acompanha e não lhe dará tempo de se agarrar a nada, de modo que ele experimenta, sem ansiar, tudo de todas as coisas. Um homem desprendido, que sabe que não tem possibilidade de evitar sua morte, só tem uma coisa em que se apoiar: o poder de suas decisões. Ele tem de ser, por assim dizer, o senhor de suas opções. Deve compreender plenamente que sua opção é sua responsabilidade e, uma vez feita, não há mais tempo para remorsos ou recriminações. Suas decisões são finais, simplesmente porque sua morte não lhe permite tempo para se agarrar a nada. E assim, com a consciência de sua morte, como seu desprendimento, e com o poder de suas decisões, um guerreiro organiza sua vida de maneira estratégica. O conhecimento de sua morte o orienta e o torna desprendido e secretamente sensual: o poder de suas decisões finais o torna capaz de escolher sem remorsos, e o que ele escolhe é sempre estrategicamente o melhor; e assim ele executa tudo o que precisa com vontade e uma eficiência sensual. Don Juan

HARMONIA E AMOR 

Se você observar a natureza, verá que ela dispende o mínimo de esforço em seu funcionamento. 
A grama não se esforça para crescer, apenas cresce. 
O peixe não se esforça para nadar, apenas nada. 
As flores não se esforçam para abrir, apenas desabrocham. 
Os pássaros não tentam voar, apenas voam… 
Essa é a natureza intrínseca. 
A Terra não se esforça para girar sobre seu eixo; é próprio de sua natureza girar sobre o seu eixo. 
É próprio de sua natureza girar a uma velocidade estonteante e rolar pelo espaço. 
É da natureza dos bebês – o estado de graça. 
É da natureza do Sol – brilhar. 
É da natureza das Estrelas – piscar e reluzir. 
E é da natureza Humana – materializar seus sonhos… 
E quando seus atos são movidos pelo amor, não há perda de tempo, de energia e de esforço. 
Ao contrário, tudo se multiplica e acumula. 
Temos nossa grandeza! 
Libere-se para vislumbrar a verdadeira grandeza do Universo:  Sorria! Ame! Sinta-se feliz! Aceite-se! Permita-se!

“O ser integral conhece sem ir, vê sem olhar e realiza sem fazer”. Lao Tzu

E se você dormisse? E se você sonhasse? E se, em seu sonho, você fosse ao paraíso e lá colhesse uma flor bela e estranha? E se, ao despertar, você tivesse a flor entre as mãos ? Ah, e então? Coleridge (O Mundo de Sofia)

“Todos nós precisamos enfrentar a realidade de que ninguém é eterno. Doença e morte não são provas de fracasso; fracasso é não viver. Nosso objetivo é aprender a viver – alegre e amorosamente. Muitas vezes a doença ensina a viver dessa forma. Quando falei para 500 indivíduos com SIDA sobre a importância de sua doença, sobre o dom e o desafio que representa, e ninguém tentou me tirar do palco, vi quanto são corajosos e quanto aprenderam sobre cura. Quando falo dos sobreviventes, estou interessado mesmo é em sua forma de abraçar a vida, não em sua forma de evitar a morte. Aqueles que aprenderam a enfrentar o desafio de sua doença e dividir a responsabilidade por seu tratamento escolheram o caminho que leva à paz de espírito e à cura no plano espiritual. Isso afeta profundamente sua capacidade de recuperação física, pois a energia, antes envolvida num conflito, é liberada e o sistema imunológico do corpo recebe uma mensagem dramática: “VIVA”.


Nossos corpos querem dizer o que dizem e falam conosco na linguagem da saúde e da doença. Depois que aprendemos a assumir a responsabilidade por nossa saúde, prestando atenção a nosso corpo e respondendo a ele também, seremos capazes de utilizar a doença para redirecionar nossa vida.” Bernie Siegel

“Se o poder da crença possibilita que algo funcione para alguém, não vou usar a autoridade de minha profissão para destruir seus benefícios. Eu sei que a esperança e a fé às vezes proporcionam alternativas aos pacientes que têm seu tempo de vida pr9olongado, quando a medicina convencional não consegue fazer mais nada. Os charlatões do mundo inteiro sabem disso muito bem e apropriam-se do vácuo que os médicos, com sua confiança exclusiva na mecânica da doença, permitem que exista. Os médicos precisam descobrir que o vácuo pode ser preenchido por eles mesmos, por uma palavra de esperança ou de uma oração.


Quando as pessoas obtém êxito fazendo coisas que estão fora de seu sistema de crenças, aceite-as e ame-as, mesmo não concordando com suas opções disponíveis. Eles conseguem tolerar as divergências, mas não a destrutividade.” Bernie Siegel

“Mesmo que se cure os cegos ou se levante os mortos, mesmo que se fale a língua dos anjos ou dos deuses, se não houver amor de nada vale a ação.” Jesus – Sermão da montanha

“Aprender a ver com clareza”, em um segundo sentido, é desenvolver em si uma “visão esclarecedora”, aquela que vem do olho do coração. Existem olhares que diminuem, coisificam o outro; há outros olhares que revificam, iluminam… desses olhares, uma pessoa sai mais pura, orgulhosa e como que engrandecida. Nossa vida vale muitas vezes pelo olhar pelo qual a gente se põe. O olhar do Terapeuta é não apenas claro no sentido de “lúcido”, “objetivo”, enquanto isso é possível a uma pessoa, mas é também claro no sentido de esclarecedor. Diante desse olhar você se vê melhor, descobre-se mais diante de um tal olhar, não numa nudez de culpa ou vergonha, mas em nossa nudez essencial de “ser amado pelo Ser”. Diante de um olhar assim, você não se sente menosprezado, julgado, medido, mas “aceito”, sendo esta aceitação a condição necessária para que se inicie um caminho de cura. Melhor, diante de um olhar como esse, você pode sentir-se “amado”, mas amado de maneira não possessiva ou interesseira, “amado por si, gratuitamente”… estranhamente amado. Livro: Cuidar do Ser – Jean-Yves Leloup

“O orgulhoso anda sempre ávido de reconhecimento, vive no temor e na preocupação de perder a importância; o humilde “é o que é”; livre da preocupação de aparecer (e sobretudo da preocupação de parecer humilde), pode admirar-se de ser. Lisonjas e calúnias não provocam nele “reação” alguma. Isto não quer dizer que sejam indiferentes, mas, como não alimentam pretensão alguma, não há nada a defender. O humilde é, e basta. Eliminar o orgulho, para o Terapeuta, é relativizar o eu, o ego, que não para de ordenar, exigir, pedir, esperar de fora a confirmação do ser que falta dentro dele.” Livro: Cuidar do Ser – Jean-Yves Leloup

“Não me interessa o que você faz para viver. Quero saber o que você deseja ardentemente, e se você se atreve a sonhar em encontrar os desejos do seu coração. Não me interessa quantos anos você tem. Quero saber se você se arriscaria a aparentar que é um tolo por amor, por seus sonhos, pela aventura de estar vivo. Quero saber se você tocou o centro de sua própria tristeza, se você se tornou mais aberto por causa das traições da vida, ou se tornou murcho e fechado, de medo das futuras mágoas. Quero saber se você pode sentar-se com a sua dor, sem se mexer para escondê-la, tentar diminuí-la ou tratá-la. Quero saber se você pode conviver com a sua alegria, se você pode dançar loucamente, e deixar que o êxtase tome conta de você, dos pés a cabeça, sem a cautela de ser cuidadoso, de ser realista ou de lembrar das limitações de ser humano. Não me interessa se a história que você está contanto é verdadeira. Quero saber se você pode desapontar alguém para ser verdadeiro com você mesmo; se você pode suportar acusações de traição e não trair sua própria alma. Quero saber se você pode ser leal, e portanto confiável. Quero saber se você pode ver a beleza mesmo quando o que vê não seja bonito todos os dias, e se você pode buscar a fonte da sua vida na presença de Deus. Quero saber se você pode conviver com o fracasso, seu e meu, e ainda postar-se à beira de um lago e gritar à Lua cheia prateada: “SIM!” Não me interessa saber onde mora e quanto dinheiro você tem. Quero saber se você pode levantar depois de uma noite de tristeza e desespero, cansado e machucado até os ossos, e fazer o que tem que ser feito para as crianças. Não me interessa onde ou o que, ou com quem você estudou. Quero saber se você pode ficar só consigo mesmo, e se você verdadeiramente gosta da companhia que consegue, nos momentos vazios realmente gosta da sua companhia.” Oriah Mountain Dreamer

“O dilema é de que a mente tem que parar de pensar, só que ela nunca pára. Quando ela pára um pouquinho imediatamente ela vem e diz assim: Parei. Consegui! Começou tudo de novo. Como você não presta atenção no observador, ou seja, não existe esse testemunhar do observador observando, você está identificado com aquilo que está acontecendo como sendo você. Mas aquilo que está acontecendo não é você porque você é quem está observando. Como é que você sabe que está acontecendo aquilo que está acontecendo se não houvesse essa observação? Você não saberia, seria impossível.

A ansiedade que habita teu coração naqueles momentos em que você “viaja na maionese” é porque existe uma idéia dentro da mente de que aquilo que está acontecendo não devia estar acontecendo. Mas aquilo está acontecendo e você sabe disso e ao invés de focar naquele que sabe que aquilo está acontecendo, você foca no que está acontecendo e gostaria de que uma outra coisa estivesse acontecendo. Você está pensando, e isso gera ansiedade em você. Agora eu quero que você desfoque devagarzinho das coisas que estão acontecendo para aquele que está observando e você vê que aquele que está observando já está em paz, já está em casa, já está em silêncio.” Satyaprem

Vencendo os Paradigmas – Um grupo de cientistas colocou cinco macacos numa jaula,em cujo centro puseram uma escada e , sobre ela,  um cacho de bananas. Quando um macaco subia a escada para apanhar as bananas, os  cientistas lançavam um jato de água fria nos que estavam  no  chão. Depois de certo tempo, quando um macaco ia subir a escada, os outros enchiam-no de  pancadas. Passado mais algum tempo, nenhum macaco subia mais a escada, apesar da tentação  das bananas. Então, os cientistas substituíram um dos cinco  macacos. A primeira coisa que ele fez foi subir a escada, dela sendo rapidamente retirado pelos outros, que o surraram. Depois de algumas surras, o novo integrante do grupo não mais subia a  escada. Um segundo foi substituído, e o mesmo ocorreu, tendo o primeiro substituto participado, com entusiasmo, da surra ao  novato. Um terceiro foi trocado, e repetiu-se o fato. Um quarto e, finalmente, o último dos veteranos foi substituído. Os cientistas ficaram, então, com um grupo de cinco macacos que, mesmo nunca tendo tomado um banho frio, continuavam batendo  naquele que tentasse chegar às bananas. Se fosse possível perguntar a algum deles porque batiam em quem tentasse subir a escada, com certeza a resposta seria: “Não sei,  as coisas sempre foram assim por aqui…”


“É mais fácil desintegrar um átomo do que um preconceito” Albert Einstein

“O dia de hoje é uma dádiva por isso o chamamos de PRESENTE” José Saramago

“Gostar é a melhor maneira de ter. Ter deve ser a pior maneira de gostar” José Saramago

“A liberdade só se estende até onde chegam os limites da consciência. Além desses limites, sucumbimos às influências inconscientes do meio”. (Jung, C. G. Estudos Alquímicos. Petrópolis: Vozes, 2002, vol. XIII, §153).

“Só espero e desejo que ninguém se torne “junguiano”. Eu não represento nenhuma doutrina, mas descrevo fatos e apresento certos pontos de vista que julgo merecedores de discussão. Critico na psicologia freudiana certa estreiteza e preconceito, e nos “freudianos” certo espírito rígido e sectário de intolerância e fanatismo. Não advogo nenhuma doutrina pronta e fechada e abomino “partidários cegos”. Deixo a cada um a liberdade de lidar a seu modo com os fatos, pois eu também tomo esta liberdade para mim. ” Carl Gustav Jung

A principal função dos símbolos é permitir o acesso a níveis de realidade inabordáveis de outra maneira, e abrir o entendimento humano a perspectivas insuspeitadas.” Mircea Eliade

“Minhas obras podem ser consideradas como estações de minha vida; constituem a expressão do meu desenvolvimento interior, pois consagrar-se aos conteúdos do inconsciente forma o homem e determina sua evolução, sua metamorfose. Minha vida é minha ação, meu trabalho consagrado ao espírito é minha vida; seria impossível separar um do outro. Todos os meus escritos são, de certa forma, tarefas que me foram impostas de dentro. Nasceram sob pressão de um destino. O que escrevi transbordou de minha interioridade. Cedi a palavra ao espírito que me agitava. Nunca esperei que minha obra tivesse uma forte ressonância. Ela representa uma compensação frente ao mundo contemporâneo em que vivo e eu precisava dizer o que ninguém que ouvir…. Sabia que os homens reagiriam com recusa, pois é difícil aceitar a compensação de seu mundo consciente. Hoje posso dizer: é maravilhoso que tenha tido tanto sucesso… Para mim, o essencial sempre foi dizer o que tinha a dizer. Minha impressão é a de que fiz tudo o que me foi possível. Naturalmente poderia ter sido mais e melhor, mas não em função da minha capacidade”. (Jung, C. G. Memórias, Sonhos e Reflexões. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1975, p. 194-5)