Método Rolfing II

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“Quando o corpo começa a funcionar de modo apropriado a força da gravidade consegue fluir através dele. Espontaneamente, então, o corpo se cura ” –  Ida Rolf

INTRODUÇÃO

Criado há mais de cinqüenta anos pela bioquímica norte-americana Ida Rolf, o Método Rolfing de Integração Estrutural é um processo terapêutico-educativo, original na sua fundamentação teórica e cientificamente validado, de reestruturação corporal e educação do movimento. Rolf pesquisou profundamente o funcionamento do corpo, analisando em profundidade a influência da gravidade sobre este, e de que maneira essa força pode desequilibrá-lo ao longo da vida.

Uma de suas descobertas foi a possibilidade de um realinhamento corporal a partir do tecido conectivo chamado fáscia, que sustenta o corpo como um verdadeiro “esqueleto fibroso”. Este realinhamento possibilita a relação mais harmoniosa com o campo gravitacional, com o corpo encontrando seu eixo perfeito.

IDA ROLF

Foi Ida Pauline Rolf (1896 – 1979), bioquímica norte-americana de origem alemã, com título de PhD. pela Universidade de Columbia, que criou e desenvolveu o método Rolfing, produto de 50 anos de seus estudos e prática, seu legado teve continuidade com o trabalho de pessoas treinadas diretamente por ela, culminado com a criação, em 1971, do “Rolfing Institute of Structural Integration”, localizado em Bouler, Colorado, USA.

Como quase todas as grandes criações no campo terapêutico, a idéia do Rolfing surge de uma necessidade premente. A partir do momento em que a medicina tradicional não conseguiu dar respostas para o problema estrutural de um filho, Ida começou a investigar trabalhos que relacionassem função e estrutura: yoga, quiropraxia, osteopatia. Da união entre suas investigações com seu vasto conhecimento na área biomédica, resultou o método que ela chamou de Integração Estrutural e seus alunos como homenagem, chamaram de Rolfing.

A partir de sua visão ela desenvolveu uma série de manipulações físicas que abordam o tecido conjuntivo como meio de organização espacial e funcional de todo o corpo humano, proporcionando ao corpo um grau maior de simetria e alinhamento gravitacional.

Ida Rolf acreditava no encontro da ciência e da arte no processo de organização de estrutura humana. Seu olhar buscava um tipo de beleza e força física que emergia do equilíbrio de todo o corpo na relação com a gravidade, o que é conhecido como a linha do Rolfing ou “Rolf Line”.

Sua visão e personalidade marcantes influenciaram muitas pessoas que após a sua morte continuaram a evolução de seu trabalho dentro do Rolf Institute.

ROLFING

Nós somos um arranjo de partes relacionadas num espaço tridimensional e que definem uma estrutura. E conforme se dá o arranjo dessas partes, temos possibilidades de posturas, movimentos e comportamentos diferentes. O Rolfing é um processo de reestruturação corporal e educação do movimento, através da manipulação do tecido conjuntivo (fáscia). Tem como principal objetivo promover mudanças na estrutura física, possibilitando uma relação mais harmoniosa com o campo gravitacional, ou seja, melhor alinhamento vertical do corpo humano.

A má postura, decorrente de causas muito diversas, é um dos fatores principais para o desequilíbrio do corpo. Esse desalinhamento é responsável por vários problemas: tensões crônicas, desconforto físico (manifestado em forma de dores musculares e articulares), menor vitalidade (energia vital diminuída) e mau funcionamento biológico e emocional.

As manipulações do Rolfing são muito diferentes da maioria de outras técnicas, por atuarem de forma muito profunda no corpo. Sua massagem não é relaxante, e pode causar dor e desconforto durante o tratamento. Isso acontece porque a pressão e o calor das mãos são necessários para remodelar a fáscia.

Há duas abordagens da técnica: Rolfing Estrutural e Rolfing Movimento. A primeira é mais conhecida, e aí está sua base teórica. O Rolfing Movimento já promove trabalhos em grupo, e seu foco é autoconhecimento corporal e a postura. A idéia é trazer consciência no andar, sentar, ficar de pé, trabalhar, etc.

Com o Rolfing, o corpo ganha mais equilíbrio e mais mobilidade, não precisando “lutar” com a gravidade. Os movimentos do corpo tornam-se mais fáceis, as funções vitais tornam-se mais eficazes e o indivíduo ganha uma nova dimensão. Atingindo assim, todas as áreas da vida: física, mental e emocional.

FÁSCIA

A Dra. Ida Rolf, especializou-se no estudo do colágeno, um dos componentes químicos do tecido conjuntivo chamado fáscia. Descobriu que a fáscia é uma rede que sustenta e dá forma aos músculos e ao esqueleto, e que reage à aplicação de energia, pressão e calor. Diversos fatores, como traumas, acidentes, doenças ou estados depressivos, podem contribuir para o enrijecimento da fáscia, afetando o equilíbrio do organismo.

Quando submetida a um esforço contínuo e excessivo, a fáscia se adensa, engrossa e perde a elasticidade. Com o adensamento do tecido, as relações entre os músculos ficam prejudicados e o corpo adota um novo padrão postural para se adaptar à nova situação.

Como isso acontece?

Vamos supor que um indivíduo tenha ferido um segmento, devido a dor este irá compensar as estruturas do lado oposto, para preservar o lado atingido. Ao repetir esse tensionamento por alguns dias, cria-se uma demanda nos tecidos que estão sendo sobrecarregados. Para atender a essa necessidade do corpo, a fáscia desenvolve fibras extras, se engrossa e enrijece para atender à compensação exigida. Mesmo que haja melhora do lado que foi atingido, o padrão alternativo permanece e a fáscia já não permite que o peso recaia sobre o local protegido.

Através da aplicação de energia, a consistência gelatinosa da fáscia torna-se mais solúvel e pode permitir que as estruturas envolvidas por ela mudem de lugar e se adaptem em uma relação mais eficiente com as demais partes do corpo. O método Rolf traz o corpo para o presente ao anular a memória de limites e padrões que não são mais necessários, restabelecendo relações mais apropriadas e econômicas do ponto de vista energético.

A INFLUÊNCIA DA FORÇA DA GRAVIDADE

O Rolfing parte da constatação de que a força da gravidade exerce uma das mais significativas e menos compreendidas influências na estrutura e função do ser humano. A reação de nossa estrutura à força da gravidade varia de acordo com a forma com que nos posicionamos e o modo como nos movimentamos, numa contínua interação entre o campo energético, que é o homem, e o campo gravitacional, que é o meio ambiente, sendo dificultado ou facilitado por este.

Na Integração Estrutural, a gravidade é o terapeuta. Quando se estabelece uma verticalidade e uma simetria adequadas, a força gravitacional flui através do corpo e o sustenta, eliminando desconfortos crônicos decorrentes de sua ação sobre um corpo desalinhado. Para estabelecer um relacionamento harmônico com a gravidade, a estrutura do corpo humano requer um alinhamento vertical equilibrado em torno de um eixo central.

O corpo humano é extremamente plástico e moldável, e tem uma enorme capacidade de adaptação às circunstâncias da vida. O equilíbrio com a gravidade é quebrado quando as necessidades e exigências do corpo começam a provocar compensações e adaptações em sua estrutura, modificando os padrões de movimento e o alinhamento vertical.

Como o processo é ininterrupto e as adaptações são automáticas e inconscientes ao longo da vida, perdemos o estado de equilíbrio ideal e a gravidade começa a nos derrubar, em vez de nos suportar. Aparentemente, os músculos funcionam e os ossos estão cumprindo sua função. Mas as alterações na estrutura da fáscia causam um desequilíbrio permanente e só podem ser corrigidas com intervenção física.
 

A gravidade faz seu caminho de organização no corpo através de linhas que podem ser vistas dentro de uma geometria anatômica de eixos horizontais e verticais. O equilíbrio tridimensional da estrutura física se dá nas relações entre frente e costas, lado a lado, alto e baixo, dentro e fora. Quanto mais harmônicas essas relações se estabelecem, mais facilmente a gravidade flui através dos segmentos do corpo, sem impedimentos ou tensões. A partir daí, o corpo também pode fluir mais livremente no campo gravitacional, o que possibilita um ganho expressivo no alcance e conforto dos movimentos.

Alinhar a estrutura humana com o campo gravitacional, integrando suas partes e funções é o objetivo e a arte do Rolfing. Usar a gravidade como veículo e fonte de economia energética e funcional é um caminho surpreendente, que pode nos ensinar muito sobre a essência da vida e de nós mesmos. Educa o nosso sentido de presença e domínio pessoal. Liberta padrões inapropriados do passado e aponta para novas possibilidades futuras.

A LINHA VERTICAL

O processo deflagrado pelo Método Rolf de Integração Estrutural não afeta apenas a estrutura física. Afeta a vida como um todo, provoca mudanças somáticas e psicológicas. O alívio dos sintomas é apenas um dos aspectos do trabalho, que tem como objetivo máximo reorganizar o corpo de forma mais eficiente e econômica, além de promover uma consciência corporal sofisticada, baseada na consciência da Linha Vertical.

A Linha Vertical que atravessa o corpo é nosso modelo. Todos os segmentos do corpo devem estar organizados em torno desse eixo vertical – cabeça, pescoço, tórax, pelve e pernas. O Método Rolf de Integração Estrutural procura desenvolver a consciência da Linha como um referencial permanente de bem-estar e equilíbrio. Em seus ensinamentos, a Dra. Ida Rolf considerava a verticalidade como uma conquista recente do ser humano. Desenvolver a verticalidade em nosso corpo significa despertar potencialidades humanas pouco exploradas.

BENEFÍCIOS

* Alinha, alonga e libera o corpo;
* Libera tensões e dores musculares crônicas;
* Flexibiliza e solta os movimentos das articulações;
* Melhora a circulação e a respiração;
* Aumenta a consciência corporal;
* Proporciona mais vitalidade ao indivíduo;
* Possibilita movimentos mais eficientes e graciosos;
* Favorece o crescimento psicológico.

INDICAÇÕES

* BEBÊS: O Rolfing para bebês é feito após o terceiro mês de vida, em casos de má formação do corpo ou dificuldades originadas no nascimento.

* CRIANÇAS: Acompanham-se as fases de desenvolvimento da criança, facilitando o equilíbrio e o movimento. Algumas disfunções da coluna, como a escoliose, podem ser prevenidas trabalhando a criança entre 04 e 07 anos, evitando-se assim problemas futuros.

* ADOLESCENTES: Esta é uma fase da vida onde ocorrem mudanças significativas no corpo. As disfunções posturais, tanto hereditárias quanto comportamentais, aparecem nesta fase de forma mais evidente. O Rolfing pode auxiliar a organizar a postura e a promover uma melhor consciência de si mesmo pela via corporal, preparando o adolescente para a fase adulta.

* ADULTOS: Nesta fase, em geral, é que aparecem as conseqüências de uma má adaptação postural criada ao longo de muitos anos. Neste caso, o Rolfing funciona como restaurador de um processo dinâmico dentro do tempo, renegociando a adaptação do indivíduo no campo gravitacional, ao mudar padrões históricos da postura e do movimento.

* TERCEIRA IDADE: Assim como na face adulta, na terceira idade o trabalho pode não só restaurar a postura e o movimento, como até devolver, em alguns casos, movimentos perdidos e desbloquear áreas de contenção crônica.

* GESTANTES: O Rolfing movimento, conjugado ao trabalho suave do toque pode auxiliar a postura e o conforto físico da gestante ao longo da gravidez, adaptando a forma do corpo da mãe em cada fase de maturação do feto.

* ATLETAS E BAILARINOS: Pode ser usado em atletas e bailarinos como método preventivo de desgastes físicos, principalmente articulares, assim como melhorar o desempenho e a capacidade nas diversas modalidades da dança e do atletismo.

* PSICOTERAPIA: O Rolfing pode ser um instrumento para efetivar mudanças em pessoas em processo de grandes tensões ou contenções físicas que possam estar impedindo a auto-observação e a percepção do próprio corpo e que estejam limitando de alguma forma sua expressão no trabalho em psicoterapia.

* REEDUCAÇÃO RESPIRATÓRIA: Contenções respiratórias limitam funções vitais e alguns aspectos emocionais importantes. A liberação de áreas de tecidos conjuntivos e musculares de relação direta com as funções respiratórias e a reeducação dos padrões rítmicos proporcionam maior conforto e volume à respiração.

* No geral, é indicado para pessoas que querem melhorar a postura, inclusive as deformações da coluna (hiperlordose, hipercifose e escoliose); pessoas que tem tensões e dores musculares crônicas(coluna, quadris, ombros e pernas); que se submetem a estados constantes de estresse no  dia-a-dia; que se sentem com baixo potencial energético para atividades normais; que estão se recuperando de traumas físicos e/ou emocionais recentes; e profissionais que ficam longos períodos em posições desconfortáveis ou realizando movimentos repetitivos.

O TRATAMENTO

A série básica de Rolfing consiste em dez sessões individuais. A critério do Rolfista esta série poderá ser acrescida de mais 1 a 5 sessões, como preparo ou para potencializar os resultados do trabalho estrutural. Cada uma das sessões tem foco em uma região da geografia fascial e tem metas estruturais especificas. Cada sessão é planejada e executada tendo em vista o resultado das anteriores e as necessidades individuais do paciente, obtendo-se portanto, ganho cumulativo. As primeiras sessões lidam com as tensões de áreas específicas (lombar, cervical, joelhos, coluna dorsal, etc.), as sessões restantes organizam e integram o corpo como um todo, alinhando-o.


As sessões duram entre uma hora e uma hora e meia. São espaçadas de acordo com as necessidades e possibilidades do paciente, podendo ocorrer uma ou duas vezes  por semana, ou a quinze dias. Decorridos seis meses a um ano após a conclusão do primeiro ciclo de sessões, recomenda-se, que o paciente retorne. Módulos de três a cinco sessões são então organizados, e um novo trabalho é desenvolvido para levar o paciente a níveis mais elaborados de integração.

O trabalho do Rolfista começa com avaliação da estrutura corporal e da qualidade dos movimentos do paciente, em seguida faz-se o registro fotográfico de suas condições físicas (estruturais), para futuras referências.

A avaliação inicial consiste em: saber o que o paciente está pretendendo ao buscar o Rolfing como um tratamento; explicar os alcances e limites da técnica em relação aos objetivos do paciente; coletar dados históricos relevantes para o tratamento e informações sobre o estado geral de saúde do paciente; fazer uma leitura de avaliação do corpo parado e em movimento, na sua relação com a gravidade, e alguns testes que permitam uma leitura de padrões funcionais mais específicos; determinar o número de sessões necessárias em cada caso e também a periodicidade entre elas; e estabelecer uma ética na relação terapêutica.

ROLFING ESTRUTURAL

Inicialmente, começamos tocando nas áreas que se encontram mais contidas em seu processo de movimento e na relação com o todo da rede miofascial. Gradativamente, essas áreas são liberadas e ocorre uma sensação de mais espaço, alongamento, leveza e relaxamento nas partes manipuladas. O trabalho pode ser feito com o paciente deitado, sentado ou de pé, de acordo com a intenção da estratégia estabeleciada pelo rolfista.

Apesar disso, as sensações mais significativas são percebidas quando o paciente fica de pé e se movimenta na relação com a gravidade. Áreas mais restritas como nuca, costas e a articulação lombo-sacra (junção da coluna lombar com a bacia), geralmente são tocadas em todas as sessões, promovendo uma sensação de bem-estar e alívio nos movimentos. 


O processo acontece de maneira gradual e integrativa. Caminhamos da superfície e das extremidades para o centro e em profundidade, diferenciando, organizando e integrando as partes com o todo do corpo e suas funções de movimento.

ROLFING – EDUCAÇÃO PELO MOVIMENTO

As sessões podem ser feitas em grupo ou individualmente. Certos padrões corporais envolvem movimentos habituais e cotidianos que podem ser melhor desenvolvidos através de uma educação que integre corpo, mente e movimento.


Andar, sentar, ficar de pé, olhar, gesticular com os braços, em geral essas são atitudes básicas que aprendemos em uma idade muito tenra e estão condicionadas de maneira inconsciente ao nosso padrão corporal. As sessões de Rolfing e educação pelo movimento podem desmontar condicionamentos da postura e do movimento de maneira também gradativa e adaptativa, abrindo possibilidades de um equilíbrio mais consciente e eficaz no uso do corpo, promovendo mais conforto e liberdade nas ações cotidianas.

CONCLUSÃO

O Rolfing pode ser um auxílio decisivo e relativamente rápido no resgate da saúde postural e do movimento, trazendo maior equilíbrio, sensopercepção, conforto e vitalidade.

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