Marionete do divino

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Satyaprem

O que ainda está presente na sua mente como algo que o impede de ver o que eu estou dizendo? Vamos colocar no fogo. Vamos colocar aos leões. Mostre! Traga pra fora! O que a sua mente está guardando como valioso? Se você estiver certo eu vou dar um passo à frente. Se você estiver errado, você vai dar um passo à frente. Eu não posso deixar de ouvir, ouvidos estão sempre abertos. Eu ouço, por exemplo: “Mas se você quiser chegar a algum lugar, você tem de fazer algumas coisas”. Concordo. Pra chegar aqui em Buraquinho, tem de pegar o carro e dirigi-lo até aqui. Para chegar a Porto Alegre, você tem de pegar um avião, ou ir de carro, ou caminhando, ou o que quer que seja, mas tem de fazer-se algo. Em relação ao seu Ser, para ver “quem você é”, não. O seu Ser não está em algum lugar, Ele está aqui-agora. Se você ainda acha que o seu Ser está em algum lugar que não aqui-agora, você mostra onde fica este lugar. Eu quero saber, na sua mente, que lugar é esse. A priori, todos os lugares na mente são inexistentes, é pura imaginação. Esses lugares, você tem de vê-los, expô-los, vê-los pelo que eles são. “Ah! Mas eu li que tem uma sensação que tem de ser sentida.” Mas se é uma sensação que tem de ser sentida, você está tentando reproduzir essa sensação, imitando aquele que lhe falou? E essa sensação uma vez sentida vai ficar para sempre? Mas tudo o que é sentido, tudo o que aparece, desaparece. O que é a Realização de si, pra você? Onde você está tentando chegar? Eu ouço você dizendo que pra chegar em algum lugar você precisa fazer alguma coisa, que lugar é esse? Quando é que você vai parar de imaginar coisas? Quando é que você vai e dar conta que qualquer coisa que você imagine, diga, confirme, ou credite, você está falando puramente de imaginação? O lugar já está aqui-agora. Você não precisa chegar lá, você está lá. Você apenas tem de parar de imaginar que você precisa chegar a esse outro lugar que você imagina.

– Desde ontem, com a experiência de ontem, eu tive essa revelação. Pra mim, quando eu pergunto “quem sou eu”? É como se eu não fosse. Eu Sou. Pelo exercício de hoje eu entendi. Quando você pediu pra gente falar do eu mente e corpo, eu senti um alívio muito grande porque eu vi como é fácil falar desse eu. Mas, para falar desse Eu, do qual estamos falando agora, é muito ditícil e, no final, eu senti um conforto muito grande porque foi como se você tivesse me trazido de volta pra casa. Eu percebi que não tem nada fora, que eu estava procurando no lugar errado. Não tem duas coisas, tem uma coisa só. A única diferença é que, de vez em quando, eu faço vista-grossa e, de vez em quando, eu não faço.

Fazer vista-grossa é achar que você “deixa de ser” em algum momento. Fazer “vista-fina” é fazer exatamente o oposto. E mesmo quando eu estou me iludindo com o meu sonho, eu sei que estou me iludindo com o meu sonho. Daí, eu não estou me iludindo com o meu sonho, eu estou “acordado” dentro do sonho. A idéia de uma busca e um encontro pressupõe uma separação. Pressupõe uma divisão. A grande revelação, o grande segredo é que você não precisa chegar a lugar nenhum. Primeiro você tem de ver com clareza que não existe “ninguém”, não existe “eu” em lugar nenhum. Porque essa idéia de que você irá encontrar algum personagem, é totalmente ilusória. Não tem personagem nenhum. Você é uma marionete do Divino… Tente encontrar esse eu que manda em você e você encontrará Nada. Esse encontrar Nada, inteligentemente é exatamente a rendição. Quem sou eu para interferir? Eu sou um pensamento. Se eu olho fundo nesse pensamento, eu noto que não tem nada dentro dele. Não existe nenhum “eu”. Só existe Aquilo. Aquilo que se expressa e se manifesta de tantas formas. Você tem de ver, antes de mais nada, que aquilo que você é, não é um “eu”.

Não precisa nem afirmar nada. Nem afirmar, nem negar. Como é que eu faço vista-grossa? Afirmando e negando. Quando eu afirmo algo, eu nego algo. Quando eu nego algo, eu afirmo algo. Quando eu não afirmo, nem nego; eu não nego nem afirmo. E esse “não nego, nem afirmo”, eu Sou.

Toyo era um menino. Ele chegou ao mestre, bateu o gongo, e o mestre apareceu. Daí, o mestre olhou pra ele e disse: -“Toyo, me revela o som de duas mãos”. Logo Toyo bateu palmas com as duas mãos. -“Muito bem Toyo”, disse o mestre. -“Agora, revela pra mim, o som de uma só mão”, o mestre continua. Então, Toyo bateu com uma mão no gongo. E o mestre disse: -“Não está certo, Toyo”. Toyo ficou meditando a respeito e veio com outra resposta no outro dia. E novamente o mestre olhou pra ele e disse: -“Não está certo Toyo”. E lá foi o Toyo… E foram passando dias. A cada dia, Toyo elaborava uma resposta. Ele foi elaborando todas as respostas que cabiam dentro da mente dele. Até que um dia ele não tinha mais resposta nenhuma e, nesse dia em que ele não tinha resposta nehuma, ele chegou para o mestre e o mestre antes mesmo dele falar disse: -“Não está certo, Toyo.” Aí, Toyo desistiu completamente. Quando ele desistiu completamente de não ter resposta ou de ter resposta, ele entrou no Silêncio. No Silêncio que transcende a forma, o negar, o fazer vista-grossa ou não fazer vista-grossa. A realização pura e simples, daquilo que É. Não importa se você vê, se você não vê. Se você lembra ou se você não lembra. Aquilo É e mais nada é. O Toyo inexiste. E nessa rendição, Toyo se prostrou ao mestre. E o mestre disse: -“Agora você encontrou o som de uma só mão”.

Quem é que pode estar procurando? Só pode ser um perdido. E o perdido só se perde porque tem idéias de que ele sabe. Quem está encontrado, sabe que não sabe. E esse é “o profundo encontro”. Não tem nada pra ser dito. Não tem nada pra ser encontrado. Não tem ninguém buscando. A única forma de saber tudo é saber nada. Não tem nada na sua mente que seja valioso. Tudo conceito. Abandone! Abandone pra você ter a chance de experienciar diretamente a Verdade. Se você tem alguma idéia do tipo: “isso aqui não é e isso aqui é”, não é nada. Esqueça! Seja como as crianças. Inocência. Inocência é não saber. Se você sabe, você não é inocente. O inocente não sabe. E eu pergunto: o que você sabe? Saber é uma função da mente, é puro peso, pura experiência passada. De que adianta saber de alguma coisa, se nesse momento, agora, eu estou impondo aquela coisa que eu sei e esse momento não é o mesmo em que essa coisa aconteceu antes?

Busca quer dizer que você está dividido. Primeiro pressupõe-se que você tem de encontrar algo. Que algo é esse, que você tem de encontrar? Busque esse “onde” na sua mente e você vai ver que, na verdade, você está buscando algo que nem você sabe o que é. E aí, você está num torpor, numa perdição profunda porque, como você vai buscar uma coisa e encontrá-la se você não tem a mínima idéia do que seja? Desvencilhe-se da idéia de que você tem de encontrar algo e encontre. É exato. Se eu pergunto: “quem sou eu?” e me dou conta de que não tem “eu”, this is Beautiful. Isso é Experiência Zero. Onde tem “eu” em algum lugar? Se eu estou falando de corpo-mente, eu só posso falar em termos de passado. O que ele fez, o que ele deixou de fazer, o que ele acredita, o que ele não acredita, o que ele acha certo, o que ele não acha. Tudo isso é completamente irrelevante em tempo presente. Isso é ego. Isso é ignorância. Isso é identidade.

Mula Nasrudin estava caminhando, olhando pra si mesmo, para o seu botão, para o seu umbigo, para o seu ego e ele passou perto de um poço. Quando ele olhou lá pra dentro, ele viu a lua dentro do poço e disse: “Meu Deus! Preciso Salvá-la.” Aí, ele pegou uma corda, jogou lá pra baixo e disse assim: “Segura firme que eu vou te salvar”. Ele jogou a corda e ela trancou num negócio e ele ficou puxando. “Que pesada a lua”! Ele pôs toda a força do mundo. Daí, de repente, a corda escapou e ele caiu de costas no chão e viu a lua lá em cima, no céu. E ele disse: “Pôxa! Imagina se eu não estivesse passando. Imagina! Tu não estarias salva”…

Essa é a ilusão do ego. Não tinha lua nenhuma lá dentro. É pura ilusão. Acorde! Não precisa salvar nada. A lua está salva. Você está salvo. Você já está muito bem onde você se encontra, mas você está procurando no lugar errado. E você procura no lugar errado porque existe uma idéia de que você esteja em algum lugar ou que algo deve acontecer. Que algo é esse? Você tem de averiguar na sua mente: que algo é esse. Veja se esse algo que você mantém como o que tem de acontecer ou esse lugar onde se tem de chegar não é um objeto sagrado pra você. “Não, isso aqui é dogma. Eu não posso tocar nisso. Isso aqui, sorry Satyaprem, mas nisso eu não vou tocar. Que tem explosão tem, eu li. Então você é dogmático. Você está apegado a uma idéia e, enquanto você estiver apegado a qualquer idéia, você não pode ficar aqui, porque aqui não cabe nenhuma idéia. As idéias só existem no passado e no futuro. No presente não existe idéia. Existe apenas a inexistência da idéia. Existe apenas Consciência. Idéia não é. A idéia depende da sua mente. Consciência não depende da sua mente. O seu ego depende da construção estrutural da sua mente. A sua Consciência, quem verdadeiramente você é, seu Ser, não depende de construção nenhuma; mora fora do tempo. Sua Consciência está aqui-agora, caso você faça vista-grossa, ou não. Você faz vista-grossa quando você descreve a si mesmo não como Consciência, mas como história. Você tem de ir para o passado para falar de você mas você não existe no passado, quem você verdadeiramente É, É Aqui. Existe também um engôdo, um engano: “Quando eu iluminar”… É uma idéia de que algo vai acontecer no futuro e que vai haver um acontecimento e a partir desse acontecimento, eu estarei iluminado e não mais precisarei me iluminar. Mas iluminar é verbo, é sempre no presente. Não existe um acontecimento senão será mais um no conteúdo da sua mente. “Quando eu Iluminei, anteontem”… Ué! Mas se você Iluminou anteontem, você não está Iluminado agora. Iluminar-se é estar totalmente no presente para todo o sempre.

Retiro em Salvador/BA # Agosto de 2001

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