Algumas instruções e informações para o tratamento da Depressão

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Overlack Ramos

A depressão é uma doença ou transtorno que acomete em torno de 15% na população mundial, segundo dados da Organização Mundial de Saúde. A mais recente Classificação Internacional de Doenças (CID-10), publicada pela O.M.S., estabelece critérios para o diagnóstico da depressão, a depender da sintomatologia apresentada, segundo diversos tipos e graus: leve, moderada e grave; e do diagnóstico correto e preciso feito pelo médico psiquiatra. Disso depende a indicação do tratamento a ser realizado, podendo ser psicofarmacológico e/ou psicoterapêutico.

Apesar das freqüentes informações divulgadas constantemente pela mídia, muitas pessoas ainda não reconhecem que sofrem deste transtorno e confundem alguns sintomas como sendo traços de sua personalidade, razão porque não aceitam o tratamento, ou mesmo, talvez, por preconceito, desinformação e medo, muitas vezes confundindo depressão com psicose ou loucura.

Existem testes de avaliação ou questionários que podem ajudar no diagnóstico, como, por exemplo a Escala de Avaliação para Depressão de Hamilton, muito utilizada pelos psiquiatras em todo o mundo.

A etiologia da depressão pode ser explicada por diversas hipóteses e teorias não excludentes, mas complementares, desde uma base genética/hereditária, orgânica/constitucional, hormonal, metabólica, reativa a situações de morte ou outras perdas, influências econômicas/sociais e espirituais.

Acreditamos que o mais provável é tratar-se de um doença de causa multifatorial e, portanto, seu tratamento também deve visar abranger todos os aspectos da complexidade do ser humano: físico, psíquico, emocional, social e espiritual.

O tratamento medicamentoso é feito com o uso de medicamentos antidepressivos, que visam restabelecer o equilíbrio de substâncias químicas mediadoras do funcionamento do Sistema Nervoso Central. Seu efeito terapêutico não é imediato, levando em torno de 3 a 4 semanas para serem observados resultados. O tratamento deve ser continuado, diariamente e a longo prazo, no mínimo com 6 meses de duração após a remissão dos sintomas, para se iniciar a retirada, na tentativa de evitar recidivas ou recaídas, o que, quando acontece, piora o prognóstico.

Além do mais, pode ser utilizada a associação com tranqüilizantes ou ansiolíticos, ou mesmo hipnóticos, a depender da sintomatologia apresentada ou comorbidade.

Os antidepressivos não são substâncias que causam em si dependência, mas a sua retirada, muitas vezes, deve ser lenta e gradual, para se evitar síndromes de abstinência.

Já os ansiolíticos e hipnóticos, devem ser usados com maior cautela, o menor tempo possível, pois o uso muito prolongado pode causar dependência física e psíquica. Neste caso, deve-se ponderar o seu benefício para aquela situação momentânea.

Todos os medicamentos geram efeitos colaterais, alguns benéficos, outros, não, sendo que os mais modernos, chamados de última geração, geralmente causam menos efeitos colaterais, quando comparados com os clássicos, embora, em termos de eficiência, praticamente não haja diferença significativa. Outro inconveniente dos medicamentos de 3ª geração é o custo elevado, considerando-se seu uso prolongado, o que os torna, muitas vezes, inacessíveis para a grande maioria da população.

Os efeitos indesejáveis costumam desaparecer com a continuidade do uso, porém, antes de interromper o seu uso, o cliente deve consultar o médico e evitar interromper, ou suspender, o uso sem orientação. Tais atitudes visam facilitar o tratamento e evitar recidivas.

É muito comum, quando o cliente se sente melhor, deixar de usar os medicamentos por conta própria, o que, freqüentemente, provoca recidivas com sintomatologia mais grave, tendo-se que reiniciar o tratamento por maior tempo e com piora do prognóstico.

Os clientes deprimidos, geralmente, são muito sugestionáveis e temerosos com os efeitos colaterais dos medicamentos. Portanto, deve-se evitar ler as bulas, pois, em geral, fica-se assustado e com medo de tantos efeitos colaterais, que são muito mais uma cautela dos laboratórios, uma vez que nem todos os clientes apresentam os efeitos colaterais descritos, porque as reações são individuais. Além do mais, os medicamentos são testados em vários países e autorizada sua comercialização pelos órgãos governamentais controladores competentes. Portanto, são seguros, desde que usados sob orientação médica.

A doses são, geralmente, individualizadas, sendo necessário encontrar a medicação certa na dosagem adequada a cada cliente.

Os clientes devem ser acompanhados periodicamente, às vezes, semanalmente, quinzenalmente ou mensalmente, até se encontrar a dosagem terapêutica de manutenção, com o mínimo de efeitos colaterais. Portanto, o cliente deverá comparecer às consultas de acompanhamento com regularidade e responsabilidade.

Quanto ao tratamento psicoterapêutico, deve ser realizado com uma freqüência mínima semanal, exceto em situações mais críticas que podem ter uma freqüência maior.

O objetivo da psicoterapia é buscar outras origens dos sintomas, que podem, inclusive, estar levando a uma desregulação das substâncias químicas reguladoras do funcionamento do Sistema Nervoso Central. Além do mais, visa o auto-conhecimento e obter mudanças e transformações de padrões de comportamento e de personalidade, bem como trabalhar os conflitos, na maioria das vezes inconscientes, que funcionam como fontes geradoras ou mantenedoras dos sintomas.

A psicoterapia é também um tratamento a longo prazo, sendo imprescindível que o cliente deseje se submeter ao processo, de livre e espontânea vontade, pois depende dele o desejo de mudar. A psicoterapia não deve ser vista como um tratamento mágico, nem tão pouco milagroso.

A função do psicoterapeuta, neste caso, é de acompanhá-lo nessa viagem em busca do auto-conhecimento e de transformações na sua forma de ser, de se relacionar consigo mesmo, com o outro (o meio ambiente) e, consequentemente, com os sintomas. E isso leva tempo. Mas a duração da psicoterapia vai depender, sobretudo, do ritmo de cada cliente e do investimento que ele faz em si próprio. É necessário persistência e perseverança. E nunca deve ser vista como uma obrigação.

Sobretudo, é necessário que o cliente reconheça e aceite a doença e se conscientize de que necessita da ajuda de um profissional especializado, para poder passar por esse processo de crescimento e transformação. Como diz Alexander Lowen, o criador da Análise Bioenergética, “esta não é uma viagem segura. Poucos foram os que conseguiram fazê-la sozinhos. Apesar do medo, é preciso ter coragem, e o terapeuta funciona como guia ou navegador, aquele que ajudará estendendo-lhe a mão quando vier o mau tempo”. Deverá, portanto, caminhar, passo a passo, ao lado do cliente. Nem seguir adiante ou atrás. Enfim, caminhar juntos.

Finalmente, do ponto de vista existencial e espiritual, a depressão deve ser vista, a meu ver, muito mais como uma crise, uma crise de crescimento, de amadurecimento, de evolução, de transformação em todos os sentidos e aspectos da vida humana. É uma busca por um sentido maior e mais profundo para sua existência nesta vida, neste planeta. Deste ponto de vista a depressão é uma doença da alma. É uma necessidade de expressão do verdadeiro Eu ou da Essência Divina que há em cada um de nós, independente de religião. É uma necessidade de se comunicar, de se ligar com Deus, com o Cosmos, resgatar a fé, a força e a esperança, que estão perdidas ou desconectadas. Portanto, é necessário esse reencontro, essa reconecção ou reconciliação que havia na criança inocente e bela, mas cujo elo foi perdido por alguma(s) circunstância(s) experiências traumáticas vividas nas diversas etapas da vida, principalmente na infância, ou mesmo na adolescência ou vida adulta.

A pessoa conectada com sua espiritualidade é um pessoa feliz e alegre e, portanto, não sofre de depressão, e isso não depende de bens materiais. Só podemos ser felizes verdadeiramente quando pudemos realizar a experiência da expressão do verdadeiro Ser, e isso independe do ter ou das realizações egoístas e egocentristas do nosso ego, infelizmente, nos dias atuais, tão incentivadas pela cultura massificante da globalização, que nos impõe tudo de forma cada vez mais insconsciente, levando as pessoas a se tornarem manipuladas como “robots” ou máquinas, incapazes, portanto, de se reconhecerem como pessoas únicas e especiais. Enfim, não sabemos mais quem somos, o que queremos, o que desejamos verdadeiramente para nossa profunda realização do projeto de Deus.

Salvador, 22/07/03

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